Estadão: Caixa segue BB e vai reduzir taxa de juro

O Estado de São Paulo
Lu Aiko Otta e Fernando Nakagawa

A Caixa Econômica Federal anuncia esta semana um corte em suas taxas de juros, continuando o movimento iniciado na semana passada pelo Banco do Brasil, que promoveu uma redução geral no custo do crédito para pessoas físicas e jurídicas. Os bancos oficiais federais têm sido pressionados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva a baratear os empréstimos. Com isso, o governo espera induzir os bancos privados a fazerem o mesmo.

O presidente tem sido informado quase diariamente pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, sobre a situação do crédito na economia. Apesar de os dados agregados mostrarem alguma recuperação do volume de financiamentos em novembro, Lula tem recebido queixas de que os empréstimos estão muito caros.

A relutância dos bancos em baixar os juros, apesar de o Banco Central (BC) ter liberado R$ 52,2 bilhões dos depósitos compulsórios só em outubro, tem causado irritação. Segundo interlocutores, Lula tem duas grandes preocupações no front econômico: o crédito e o desemprego. Maus desempenhos nessas duas áreas poderão abortar de vez o ciclo de crescimento econômico, criando um complicador para os planos do ano eleitoral de 2010.

Dados do BC mostram que o custo dos empréstimos disparou após a crise. Mais do que isso, eles deixam claro que os juros na ponta subiram muito mais do que o custo de captação dos bancos. Em setembro, o juro médio de todos os empréstimos do sistema financeiro brasileiro estava em 40,4% ao ano. Em 12 de novembro, último dado disponível, estava em 45%. Ou seja, houve aumento de 4,6 pontos porcentuais. No mesmo período, o custo de captação dos bancos subiu bem menos: 0,6 ponto porcentual.

A diferença fica por conta da taxa de risco, que reflete a possibilidade de o banco levar um calote ao conceder um empréstimo. Após a crise, as instituições financeiras passaram a cobrar taxa de risco mais elevada, o que fez subir o spread bancário (uma conta na qual entram o lucro do banco, a taxa de risco e o custo tributário, entre outros).

Em setembro, o spread estava em 26,4%. Em 12 de novembro, atingiu 30,5%. Essa disparada fez Mantega afirmar ontem que o custo do crédito está no nível “mais caro dos últimos tempos”.

Planalto e Fazenda centram fogo contra o spread bancário para evitar um discurso de confronto direto com o Banco Central, responsável pela taxa de juros básica da economia. O Comitê de Política Monetária (Copom), formado pela diretoria do Banco Central, reúne-se na semana que vem. Economistas de bancos e consultorias apostam que não haverá corte, apesar da torcida em setores do governo por uma taxa menor.

Na semana passada, ao receber representantes da União Nacional dos Estudantes (UNE), Lula disse que, na sua opinião, os juros devem cair.

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