Representantes das principais centrais sindicais do país participaram nesta segunda-feira, 28, de um ato solene na Assembléia Legislativa de São Paulo em memória das vítimas de acidentes e doenças do trabalho. O ato fez parte das celebrações realizadas por CUT, Força Sindical, CGTB, CTB, NCST e UGT por conta do Dia Mundial em Memória das Vítimas de Acidentes de Trabalho e Doenças Ocupacionais, 28 de abril. A iniciativa do ato foi do deputado estadual Cido Sério (PT).
Ao final do ato, os representantes das centrais entregaram uma carta ao deputado solicitando que ele encaminhe, junto à mesa da Casa, uma moção de apoio ao Projeto de Emenda Constitucional (PEC) 393/2001, que tramita na Câmara Federal e reduz a jornada de trabalho das atuais 44 horas para 40 horas por semana. Cido Sério apresentou a moção na sessão da Alesp desta terça-feira para apreciação dos deputados.
Durante o ato solene realizado na segunda-feira, o secretário de Saúde da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e representante do Instituto Nacional de Saúde no Trabalho (Inst), Plínio Pavão, explicou que embora o Dia Mundial em Memória das Vítimas de Doenças e Acidentes do Trabalho só tenha sido instituído em 2003, as atividades no Brasil já viraram tradição. “Todas as centrais sindicais se uniram para protestar contra esse problema que ainda é tão grave. Para este ano, o eixo das nossas atividades é a redução da jornada de trabalho, fundamental para reduzir o número de doenças e acidentes ocupacionais, além de gerar mais empregos”, afirmou Plínio Pavão.
Para o presidente da Contraf-CUT, Vagner Freitas, as atividades do dia 28 não devem ser atos fúnebres. “Temos sim é que mostrar a força dos trabalhadores, com a união das centrais. Temos que fazer mais uma revolução nesta sociedade que é a do comportamento. Não podemos ser escravos do trabalho para que poucos levem vantagem”, afirmou Vagner Freitas, que também é secretário de Políticas Sindicais da CUT e representou o presidente da Central, Artur Henrique, na solenidade.
O deputado Cido Sério afirmou ser “inacreditável que em pleno século 21 os trabalhadores ainda sofram com tantos acidentes e doenças ocupacionais”. “A questão é que todos esses problemas podem ser evitados, já que são previsíveis. Espero que no ano que vem a gente possa realizar outro ato solene no dia 28 de abril, mas desta vez para comemorar a redução dos acidentes de trabalho e não em memória das vítimas”, destacou.
Para Luís Carlos Oliveira, representante da Força Sindical, o ato solene de iniciativa do deputado Cido Sério foi muito importante, porque abriu espaço para os trabalhadores falarem dos seus problemas na Assembléia Legislativa do Estado, o que gera maior repercussão na mídia. “A questão é que nós temos tecnologia suficiente para acabar com os acidentes e doenças do trabalho, mas falta gestão nas empresas. Precisamos mobilizar a sociedade e deixar a opinião pública indignada para cobrar solução das empresas, já que só no ano passado tivemos cerca de 504 mil acidentes de trabalho no Brasil, segundo a Fundacentro”, detalhou.
Lucilene Binsfeld (Tudi), presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio e Serviços da CUT (Contracs-CUT), destacou que o objetivo da data é conscientizar a sociedade para exigir o fim dos acidentes e doenças do trabalho. “O símbolo desta data é uma vela acesa, que espero no futuro representar o fim dos acidentes e não a memória das vítimas”, comentou.
O coordenador do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest), Koshiro Otoni, destacou durante a solenidade as estatísticas que são alarmantes, mesmo sendo subestimadas. “Os dados são oficiais e revelam que de cada 100 mil trabalhadores, quinze morrem no Brasil todo ano, vítimas de acidente de trabalho. Significa que temos mais de 15 mil mortes por ano e cerca de 1,37 milhão de pessoas que adoecem por causa do trabalho. O pior é que todos esses acidentes e doenças podem ser evitados e a redução da jornada é uma grande aliada”, disse. Koshiro Otoni sugeriu uma união entre os ministérios da Previdência, do Trabalho e da Saúde para combater os acidentes e as doenças ocupacionais.
Luiz Tenório de Lima, o Tenorinho, da Nova Central, destacou que o ato solene é apenas uma semente que vai germinar e desabrochar numa grande mobilização por mais segurança no trabalho. “Nosso povo não tem vocação para ser escravo. Tenho 70 anos de militância e posso garantir que os problemas do trabalhador não serão resolvidos pelos capitalistas. É a nossa unidade e luta que vai nos trazer a vitória”, disse.
Fonte: Contraf-CUT, com Assessoria do deputado Cido Sério