“Ampliar os horizontes e falar com quem nunca falou”, essa é a provocação feita pela jornalista Laura Capriglione aos dirigentes e profissionais de mídia de sindicatos, presentes no Seminário Nacional de Comunicação da Contraf-CUT, nesta quinta-feira (23), em São Paulo. Editora da rede Jornalistas Livres, Laura dividiu a mesa do Seminário sobre Veículos de Comunicação Alternativa, com Rafael Vilela, da Mídia Ninja, outro projeto de êxito da contranarrativa no Brasil.
Antes de destacar a fórmula de sucesso dos Jornalistas Livres, que atrai 11 milhões de pessoas em sua página do facebook, Laura Capriglione analisou a conjuntura atual, e a aprovação da terceirização, ontem (22), na Câmara dos Deputados.
“É uma situação grave para a classe trabalhadora, mas foi um placar duro, não foi fácil para os governistas. Em outras votações, os trabalhadores perderam de lavada, mas a margem de Temer está diminuindo mesmo no Congresso mais vendido de todos os tempos. Vejo com muito otimismo a possibilidade de virar este jogo”, destacou.
A editora disse que é o momento da contraofensiva. “A comunicação desempenha um papel importante. Comprar uma briga de comunicação não é mais com a Rede globo, temos que fazer a contranarrativa. Diferente da ditadura, a grande mídia não está falando mais sozinha. Em Monteiro (na Paraíba, onde Lula e Dilma inauguraram a transposição do Rio São Francisco) foram 30 segundos nas principais emissoras, mas teve ampla cobertura em outros veículos e a informação chegou para muita gente”, disse.
Não vamos ganhar a guerra se falar só com os amigos
Além do facebook e do site, a rede Jornalistas Livres está presente no Twitter, Instagram, Telegram e Whatsapp. “ Podemos fazer uma cobertura hoje que nenhum jornal nunca fez, numa reintegração de posse, por exemplo, mostramos a visibilidade do movimento de moradia com várias pautas. Uma focada nas crianças, outras nos idosos, porque nós estamos mostrando a luta deles”, destacou.
Mas a jornalista afirmou que a disputa no campo da comunicação não se ganha falando só com amigos. “Temos que falar com quem tem dúvida. Se quisermos disputar o país é preciso falar com todos, sem rótulos, incluir gente que não está no grupo. Falar com o evangélico que vai na Universal”, exemplificou, ao contar sobre a cobertura do caso de estupro envolvendo o deputado Marcos Feliciano. A entrevista com Patrícia Lélis, que acusou o pastor, foi acessada e replicada por veículos evangélicos de comunicação.
Comunicação em Rede
A página do facebook dos Jornalistas Livres não tem apenas um administrador, mas é administrada por 57 pessoas, contou Laura. “Temos um jornalista que só cobre os índios, sabe tudo sobre demarcação. Tem um outro que só entende de movimento de moradia, luta sindical, poesia, e por aí vai. Vamos somando. Agregamos todas as lutas sociais. Temos um ritmo de publicação louco, o tempo todo. A cada 15 minutos temos notícias novas”, explicou.
Laura afirmou que os sites sindicais podem ser mais generosos e abrir espaço para outros comunicadores. “Vocês podem chamar outros grupos para postar suas notícias nos espaços sindicais. Uma turma de hip-hop, por exemplo, vai abrir para outra rede de comunicação, e assim por diante”.
A editora recorreu ao poema de João Cabral de Melo Neto para concluir, “Um galo sozinho não tece uma manhã. Em rede é que vamos juntando as pessoas na nossa contranarrativa”.
Acesse aqui a reportagem: Mídia Ninja resalta a realidade fora do eixo