Uma audiência pública na Câmara Municipal de Curitiba debateu, na tarde de quinta-feira (14), diversas soluções para aumentar a segurança nos bancos e proteger trabalhadores, clientes e usuários. As sugestões serão inseridas em substitutivo, de autoria de diversos vereadores, ao projeto de lei que tramita na Câmara.
A iniciativa foi do vereador Pedro Paulo (PT) e também estiveram presentes ao debate os vereadores Algaci Tulio (PMDB), Paulo Frote (PSDB), Felipe Braga Côrtes (PSDB) e Zezinho do Sabará (PSB), além do deputado estadual Roberto Aciolli (PV). Representantes de diversos segmentos participaram, como bancários e vigilantes, além da população. A Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) foi convidada a participar, mas não esteve presente.
“A Câmara não é omissa ao problema de segurança nos bancos. São várias leis que já foram aprovadas e sancionadas e algumas não são cumpridas. Com certeza há falta de investimentos na segurança e este projeto vem para atender aos usuários, funcionários e seguranças”, ressaltou Pedro Paulo. Ele lidera um abaixo-assinado para que a população apoie a aprovação e sanção da proposta.
Otávio Dias, presidente do Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região Metropolitana, agradeceu o interesse dos vereadores. “Fica um trauma muito grande nos funcionários após um assalto. É preciso que os bancos invistam em prevenção e que o poder público coloque mais viaturas e mais policiais nas ruas”, ressaltou.
Segundo Otávio, hoje 50% dos casos de bancários afastados pela Previdência Social são por transtornos mentais. “Muitos pela insegurança, por não saber se vão voltar para casa amanhã e pela pressão pelo cumprimento de metas abusivas”, disse.
Uma pesquisa feita pelo Sindicato dos Vigilantes de Curitiba e Região revelou que atualmente existem em média cinco casos por dia do crime da “saidinha de banco” na capital. Além disso, segundo o sindicato, neste primeiro trimestre já foram registrados 24 ataques a bancos no Paraná. Destes, 15 foram assaltos e nove arrombamentos. Em 2010, o total de ataques somou nove. Um aumento de mais de 100%. “Os bancos estão investindo na segurança do dinheiro, mas não na segurança das pessoas”, complementou o presidente da entidade, João Soares.
Debate
O projeto de lei foi apresentado pelos sindicatos de bancários e vigilantes no ano passado, a partir da proposta elaborada pela Contraf-CUT e Confederação Nacional dos Trabalhadores Vigilantes (CNTV). Uma das sugestões é para que as portas giratórias sejam instaladas antes dos caixas eletrônicos.
Os vigilantes também deverão utilizar escudos de proteção nas agências e postos. Complementando a lei dos biombos, do vereador Paulo Frote, a ideia é exigir divisórias entre os caixas eletrônicos para garantir a privacidade dos usuários durante operações bancárias.
Também é pedida a instalação de câmeras de segurança internas e externas com resolução capaz de permitir a clara identificação de assaltantes, criminosos e suspeitos.
O secretário de imprensa da Contraf-CUT e coordenador do Coletivo Nacional de Segurança Bancária, Ademir Wiederkehr, relatou as várias frentes de atuação dos bancários e vigilantes para proteger a vida de trabalhadores e clientes. “Os bancos precisam ampliar os equipamentos de prevenção e isentar as tarifas de transferência de recursos, como TED, DOC e ordens de pagamento, para reduzir a circulação de dinheiro na praça”, disse.
Ademir afirmou que há a necessidade de se cumprir a lei dos biombos em Curitiba para que os crimes da “saidinha de banco” reduzam. “Temos que acabar com o olheiro no banco. Com o biombo, não há como descobrir quem está com dinheiro. Os bancos lucraram R$ 43 bilhões no ano passado e não querem colocar o biombo, que tem um custo baixo”, frisou.
O diretor da Contraf-CUT citou que em João Pessoa (PB), após a aprovação de uma lei similar, o crime da saidinha caiu 90%, segundo avaliação do Sindicato dos Bancários da Paraíba. Ele propôs para a Câmara Municipal a solicitação de uma audiência com o prefeito, a fim de cobrar maior fiscalização da lei dos biombos, uma vez que Itaú e Bradesco não instalaram essas divisórias, ao contrário de outros bancos, como Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, HSBC e Santander.
Para o delegado do Centro de Operações Policiais Especiais da Polícia Civil (Cope), Amarildo Antunes, a medida será fundamental para identificar criminosos. “As imagens do circuito interno dos bancos são muito ruins hoje, isto quando tem. Por conta disso, há muita dificuldade de identificar os bandidos”, alertou.
André Machado, diretor do Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região Metropolitana, disse que a lei deveria ser estendida para outros estabelecimentos que realizem operações bancárias, como as casas lotéricas e os correspondentes bancários.
O professor aposentado Adyr de Lima sugeriu que seja definido no texto um tempo maior para que as imagens fiquem armazenadas nos arquivos, facilitando investigações futuras.
Pedro Paulo disse que será apresentado um substitutivo geral ao projeto, corrigindo e acrescentando ideias. “Vamos pedir a assinatura de todos os vereadores, para que não se deixe de reconhecer que este é um problema sério que envolve a sociedade”, conclui.
O diretor da Fetec-PR, Carlos Coppi, considerou muito importante a audiência pública, na medida em que mostrou a necessidade de tomar medidas urgentes para combater o crime da “saidinha de banco” e proteger a vida de trabalhadores e clientes. “Esperamos que esse projeto seja logo votado e sancionado pelo prefeito”, apontou.
A audiência contou ainda com a participação do responsável pela Delegacia de Segurança Privada da Polícia Federal (Delesp) no Paraná. Também compareceu o secretário de finanças da Contraf-CUT e ex=presidente do Sindicato dos Bancários de Curitiba e da Fetec-PR, Roberto Von Der Osten, o Betão.