No Rio, bancários repudiam demissões e boicotam festas do Santander

Paralisações seguiram pelo terceiro dia consecutivo.

Contra as demissões em massa no Santander, os funcionários do Santander paralisaram atividades nesta quinta-feira (6) no Rio de Janeiro e em todo o país. Eles já haviam parado também na terça e quarta-feira.

Na terça-feira as dispensas já chegavam a mil e, apesar de ter lucrado R$ 5,694 bilhões até setembro, o Santander planejava colocar na rua mais 4 mil bancários.

No Rio pararam no primeiro dia os centros administrativos da Pio X e da Rio Branco 70; na quarta, as agências da Rio Branco; e, nesta quinta, as unidades do Castelo. A adesão foi de 100%.

A diretora do Sindicato dos Bancários do Rio, Fátima Guimarães, avisou que os protestos vão continuar até que o banco volte atrás nas demissões e cancele as que planeja fazer. “Além de intensificar as manifestações, estamos tomando medidas jurídicas, nos articulando com o governo federal e exigindo negociações imediatas com o próprio banco”, adiantou.

Sem motivos para demissões

Para a dirigente, são inadmissíveis as demissões em massa no Brasil, país em que o banco espanhol teve um lucro que está entre os cinco maiores entre todos os bancos e responde por 26% do resultado mundial do grupo espanhol. “O banco está querendo jogar a crise que enfrenta na Europa demitindo aqui no Brasil e fazendo remessas mais altas de lucros para a matriz”, acusou a sindicalista.

Os indicadores econômicos mostram que o Santander tem sua maior lucratividade no Brasil. O índice de eficiência do banco (indicador que mede a relação entre despesas e receitas) está em 43,5%. É o segundo melhor desempenho entre os cinco maiores bancos no Brasil, atrás apenas do Bradesco (42,10%). Esse índice apresentou melhora nos últimos 12 meses, passando de 46,1% para 43,5%.

Não ir às festas de confraternização

Para o diretor da Federação dos Bancários do Rio e Espírito Santo, Paulo Garcez ninguém deve ir às festas de confraternização organizadas pelo banco, entre elas a desta sexta-feira (7), na Marina da Glória. “Devemos ser solidários com os colegas demitidos e não comparecer. Afinal de contas, não temos nada a comemorar”, disse.

A diretora da Secretaria de Assuntos Jurídicos do Sindicato, Cleyde Magno, acusou o banco de tripudiar sobre o sofrimento dos funcionários, ao fazer festas ao mesmo tempo em que demite. “O Santander age com escárnio”, afirmou.

TRT de São Paulo suspende demissões

A desembargadora Rilma Aparecida Heleutério, do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (capital e região metropolitana de São Paulo), acolheu liminar na ação movida pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, ordenando a suspensão de todas as demissões sem justa causa feitas pelo Santander nesta semana na base da entidade. De acordo com a juíza, todas as dispensas que ainda não foram homologadas estão suspensas. As já homologadas, serão discutidas.

Segundo a desembargadora, o banco não está em crise, portanto, não há razão para demitir. Em sua decisão afirma: “Vocês são uma instituição europeia e foram acolhidos no Brasil. Têm de respeitar os brasileiros como respeitam os espanhóis”. Lembrou que os trabalhadores da Comunidade Europeia contam com leis de proteção ao emprego que não existem no Brasil. “Mas o trabalho é uma questão social e tem de ser olhado dessa forma.”

Caso a direção do Santander desobedeça a liminar que proíbe as demissões, o banco pagará multa diária de R$ 100 mil. A desembargadora destacou, ainda, a boa situação do banco. “Todos os rankings de consultorias indicam que não há crise no Santander. Ou seja, não precisa demitir.”

Compartilhe:

Compartilhar no facebook
Facebook
Compartilhar no twitter
Twitter
Compartilhar no whatsapp
WhatsApp
Compartilhar no telegram
Telegram