Abertura do seminário no Complexo Cultural Bancário
O Sindicato dos Bancários do Pará realizou na última sexta-feira (15) e sábado (16) o Seminário de Segurança Bancária, no auditório do Complexo Cultural Bancário, em Belém. O evento reuniu delegados sindicais de todo o Estado, vigilantes, transportadores de valores, representantes de departamentos de segurança dos bancos, Guarda Municipal, Polícia Militar, SEGUP, deputado estadual e dirigentes sindicais da Contraf-CUT, Fetec Centro Norte, CNTV (Confederação Nacional dos Trabalhadores Vigilantes) e CUT Pará.
O primeiro dia do Seminário foi dedicado exclusivamente aos delegados sindicais, que tiveram a oportunidade de discutir intensamente a situação da segurança pública e a insegurança bancária no Pará, a conjuntura e as legislações nacionais sobre segurança bancária, o panorama das políticas e medidas adotadas pelas áreas de segurança das instituições financeiras no Pará, e as contribuições da trabalhadores na construção de políticas em prol de melhorias na segurança bancária.
A mesa de abertura foi coordenada pela presidenta do Sindicato, Rosalina Amorim, pelo vice-presidente do Sindicato e da Fetec-CN Sérgio Trindade, pelo secretário de relações de trabalho da Contraf-CUT, Adílson Barros, pela diretora de comunicação da CUT Pará, Vera Paoloni, e pelo sub-comandante da Guarda Municipal de Belém, Edson Oliveira.
Insegurança
O secretário de imprensa da Contraf-CUT e coordenador da Coletivo Nacional de Segurança Bancária, Ademir Wiederkehr, fez uma apresentação trazendo informações sobre a legislação vigente, dados das pesquisas nacionais de mortes em assaltos envolvendo bancos e números sobre o abismo entre os lucros dos maiores bancos e as despesas de segurança e vigilância.
“A lei 7.102/83 que trata de segurança nos bancos está fazendo 30 anos e se encontra defasada diante dos atuais índices de violência e criminalidade, mas continua sendo descumprida em várias agências e postos de atendimento, como demonstram as multas aplicadas pela Polícia Federal”, destacou Ademir. “Queremos um estatuto de segurança privada com avanços para proteger a vida das pessoas”, defendeu.
O presidente da CNTV, José Boaventura dos Santos, criticou os escassos investimentos dos bancos em segurança, alertou para o descaso das empresas de vigilância e transporte de valores e cobrou igualdade de tratamento para bancários, vigilantes e demais trabalhadores nas agências. “É inaceitável que haja casos de vigilantes que não podem utilizar o mesmo espaço de alimentação e sejam obrigados a fazer uma refeição no banheiro no horário de almoço”, denunciou.
Diálogo com os bancos
Os representantes das áreas de segurança participaram de uma mesa específica, onde eles destacaram as parcerias e iniciativas locais para prevenir assaltos.
O Banpará instalou biombos e vigilância 24 horas na rede de agências, com bons resultados. Já o HSBC disse que após a colocação de bimbos os clientes deixarem de ser vítimas do crime da “saidinha de banco”. A Caixa salientou o projeto de abertura e fechamento de agências por empresas de segurança.
Todos os principais bancos públicos (BB, Caixa, Banco da Amazônia e Banpará) estiveram presentes. Lamentavelmente o mesmo não ocorreu com os bancos privados. Só o HSBC participou. Itaú, Bradesco e Santander não compareceram e nem justificaram ausência.
Cartilha de Segurança Bancária
O diretor jurídico do Sindicato e representante da Fetec-CN no Coletivo Nacional de Segurança Bancária, Sandro Mattos, fez uma exposição sobre a cartilha, que foi lançada no evento, sob o título de (In)Segurança Bancária.
O material formulado pelo Sindicato tem o objetivo de qualificar o debate sobre (in) segurança bancária, democratizar informações importantes sobre as principais normas que regulamentam o tema.
Para o Sindicato, é imprescindível a união de toda a sociedade em prol dessa demanda, pois somente assim será possível encontrar soluções factíveis sobre a questão da segurança bancária, tornando a sociedade mais tranquila ao utilizar o sistema financeiro.
Sandro frisou que o Bradesco tem sido um dos bancos que mais descumpre a legislação, tendo sido recentemente flagrado pela Polícia Federal por usar bancários para transportar valores no Pará. “O banco foi também campeão das multas na CCASP no ano passado”, lembrou.
Saída é prevenir
O último dia do evento foi aberto ao público em geral, que participou de um debate sobre a insegurança no Pará, que teve a participação do deputado estadual Edilson Moura (PT-PA) e do coronel da Polícia Militar, Osmar Costa Júnior.
O deputado é autor de uma lei estadual nº 7.670, de 29.10.2012, que obriga a instalação de biombos nas agências. A legislação prevê multas e até interdição do estabelecimento em caso de infração.
O coronel fez uma apresentação sobre o golpe da “saidinha de banco”, enfatizando que “a saída é prevenir”. Ele defendeu a instalação de portas giratórias, bimbos e câmeras internas e externas com monitoramento em tempo real, como medidas eficazes para melhorar a segurança de trabalhadores e clientes.
Carta do Pará
Ao final do seminário, os participantes aprovaram a Carta do Pará, com uma série de propostas para que o Poder Público e as instituições financeiras públicas e privadas adotem medidas para garantir mais segurança a trabalhadores e clientes.
O documento ficou em aberto para receber contribuições dos participantes até o próximo dia 31 de março. A intenção do Sindicato é divulgá-lo oficialmente para toda a sociedade a partir de abril, com o envio para bancos, polícias, Governo do Estado, Ministério da Justiça, Febraban e Ministério Público, dentre outras representações.
“A segurança bancária é um tema que o movimento sindical bancário encara com muita seriedade, principalmente aqui no Pará, onde a situação é cada vez mais crítica, pois a cada ano percebemos um aumento nos índices de violências contra bancos, inclusive com casos de morte de clientes e bancário”, destaca a presidenta do Sindicato.
“Nosso objetivo com o seminário foi envolver toda a sociedade em torno da luta por melhorias na segurança pública e por mais investimentos dos bancos em segurança bancária, pelo bem da vida de trabalhadores do sistema financeiro, clientes e usuários dos bancos”, disse Rosalina.
“Acreditamos que a cartilha de segurança bancária que lançamos no seminário será de grande importância para incentivar a criação de políticas públicas voltadas para o tema e subsidiar os sindicatos, federações, confederação e os trabalhadores com conteúdos relevantes sobre o assunto”, ressalta.
“Além disso, a Carta do Pará é mais um passo importante que construímos em busca de soluções efetivas para a segurança bancária em nosso Estado e em todo país”, conclui Sandro.