A quarta rodada de negociação entre o Comando Nacional dos Bancários e a Fenaban teve início na manhã desta segunda-feira (29), em São Paulo. A Federação Nacional dos Bancos se comprometeu a apresentar uma proposta global às reivindicações da categoria, entregues em 9 de agosto. Na última reunião, no dia 24, os banqueiros frustraram a negociação, não avançaram nos debates e ainda jogaram para os bancários a responsabilidade pelo alto índice de demissões e inúmeros problemas que os funcionários enfrentam no ambiente de trabalho.
Roberto von der Osten, presidente da Contraf-CUT e um dos coordenadores do Comando Nacional dos Bancários, alerta que a categoria não aceitará retrocessos. “Os bancos chegam a dizer que pagam muito para os bancários e que o setor não é o mais lucrativo do país. Mas os números não metem. Entre 2003 e 2016, por exemplo, os lucros dos bancos cresceram mais de 150%, enquanto a remuneração média dos bancários cresceu só 14,9%, abaixo do crescimento do ganho real acima da inflação, que foi cerca de 16%. Não aceitaremos outra proposta que não seja a valorização cada trabalhador, para os bancos não há crise”.
O lucro dos cinco maiores bancos (Itaú, Bradesco, Banco do Brasil, Santander e Caixa) no primeiro semestre de 2016 chegou a R$ 29,7 bilhões.
Os eixos centrais da campanha são: reposição da inflação do período mais 5% de aumento real, valorização do piso salarial, no valor do salário mínimo calculado pelo Dieese (R$3.940,24 em junho), PLR de três salários mais R$ 8.317,90, combate às metas abusivas, ao assédio moral e sexual, fim da terceirização. Além da defesa das empresas públicas e dos direitos da classe trabalhadora, ameaçados pelo governo interino de Michel Temer.
Banqueiros cortaram 1.112 empregos só em julho
A defesa do emprego é prioridade na Campanha Nacional. Entre 2012 e 2015, mais de 34 mil postos de trabalho foram reduzidos. Só em julho deste ano, os bancos extinguiram 1.112 empregos. Por isso, os bancários reivindicam o fim das demissões, da rotatividade e pedem mais contratações. A preocupação com as agências digitais também está sendo abordada pelos trabalhadores.
Apesar dos números alarmantes apresentados pelos dirigentes sindicais, a Fenaban transfere a responsabilidade das demissões para os funcionários. Informações que contradizem os dados oficiais do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho. A última Pesquisa do Emprego Bancário, elaborada pelo Dieese, revela que nos primeiros sete meses deste ano foram cortados 7.897 postos de trabalho no setor. Mais de 60% foram por demissão sem justa causa.
Confira como foram as três primeiras rodadas de negociação:
Principais reivindicações dos bancários
Reajuste salarial: reposição da inflação mais 5% de aumento real
PLR: 3 salários mais R$8.317,90
Piso: R$3.940,24 (equivalente ao salário mínimo do Dieese em valores de junho último).
Vale alimentação no valor de R$880,00 ao mês (valor do salário mínimo)
Vale refeição no valor de R$880,00 ao mês
13ª cesta e auxílio-creche/babá no valor de R$880,00 ao mês.
Melhores condições de trabalho com o fim das metas abusivas e do assédio moral que adoecem os bancários.
Emprego: fim das demissões, mais contratações, fim da rotatividade e combate às terceirizações diante dos riscos de aprovação do PLC 30/15 no Senado Federal, além da ratificação da Convenção 158 da OIT, que coíbe dispensas imotivadas.
Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS): para todos os bancários.
Auxílio-educação: pagamento para graduação e pós.
Prevenção contra assaltos e sequestros: permanência de dois vigilantes por andar nas agências e pontos de serviços bancários, conforme legislação. Instalação de portas giratórias com detector de metais na entrada das áreas de autoatendimento e biombos nos caixas. Abertura e fechamento remoto das agências, fim da guarda das chaves por funcionários.
Igualdade de oportunidades: fim às discriminações nos salários e na ascensão profissional de mulheres, negros, gays, lésbicas, transsexuais e pessoas com deficiência (PCDs).