Ao abrir agências e postos, Bradesco segue inclusão bancária da Contraf-CUT

O presidente da Contraf-CUT Carlos Cordeiro, defendeu em audiência pública na Câmara dos Deputados, realizada no último dia 16 de agosto, que a inclusão bancária de todos os cidadãos brasileiros não passa pela ampliação de correspondentes, cujos serviços são precários, não são feitos por bancários, não oferecem segurança e não protegem o sigilo bancário. A verdadeira inclusão ocorre por intermédio da abertura de agências e postos de atendimento, onde os serviços são executados por bancários e os clientes contam com assistência financeira e dispõem de locais mais seguros e protegidos.

A nova estratégia do Bradesco anda no caminho apontado pela Contraf-CUT. O banco abriu 1.033 agências e 799 postos de atendimento em 2011. O principal motivo é que no dia 2 de janeiro o banco perderá 6.233 pontos de atendimento de uma só vez, pois os postos dos Correios, onde funciona o Banco Postal, passarão nessa data para o Banco do Brasil, que venceu a concorrência.

“O banco está reconstruindo o buraco que ficou em sua estrutura, devido à perda da rede do Postal, com agências e não com novos correspondentes. Isso mostra que a tese da Contraf-CUT de que é possível incluir a população excluída dos serviços bancários e apresentar lucros satisfatórios está correta”, afirma Miguel Pereira, secretário de Organização do Ramo Financeiro da Contraf-CUT. “Fica então provado que os bancos têm condições de assumir o atendimento de sua clientela através de agências e postos”, salienta.

Mesmo com os custos da abertura de novas agências, o lucro líquido do banco aumentou. “Apesar do investimento feito na ordem de R$ 890 milhões com a instalação das novas unidades, o resultado dos primeiros nove meses do ano foi de R$ 8,3 bilhões, crescimento de 18,2% em relação ao mesmo período do ano passado”, explica Miguel.

Embora tenha aberto quase dois mil novos pontos de atendimento, o Bradesco gerou até setembro 6.086 empregos entre janeiro e setembro, média de 3,3 novos postos de trabalho por dependência. “É muito pouco. O Bradesco, assim como os demais bancos, ainda devem muito à sociedade brasileira, na medida em que seguem cobrando as mais altas taxas de spreads do mundo, os juros e as tarifas são exorbitantes, as filas são intermináveis e, principalmente, o número de vagas abertas está muito aquém do que efetivamente podem fazer”, avalia Miguel.

Itaú Unibanco na contramão

Mesmo atingindo lucro recorde nos primeiros nove meses de R$ 10,9 bilhões, o crescimento do resultado do Itaú Unibanco foi de 16% com relação ao mesmo período de 2010 e inferior ao Bradesco.

O Bradesco também expõe a estratégia nefasta de um de seus maiores concorrentes, que eliminou 2.496 postos de trabalho no mesmo período.

“Além disso, o Itaú implementa forte política de rotatividade e terceirização, que representam os gastos registrados em seu balanço que mais cresceram. As operações de crédito que mais cresceram foram as de cartão de crédito e financiamentos de veículos, ambas formadas basicamente por trabalhadores terceirizados, que possuem jornada de trabalho maior, piores condições de trabalho e recebem um terço da remuneração média do bancários”, afirma Miguel.

Com essas novas unidades, o Bradesco soma agora 5.932 pontos de atendimento, sendo 4.607 agências e 1.325 postos, ultrapassando a rede do Itaú Unibanco, que contava com 4.943 pontos de atendimento, dos quais 4.005 agências e 943 postos em setembro, último dado divulgado.

O mau exemplo do BC

O Banco Central não tem contribuído para estimular a abertura de agências e postos pelos bancos, ao tomar medidas que ampliam a atuação dos correspondentes bancários, como as recentes resoluções nº 3.954 e nº 3.959. “O BC acaba atuando como sindicato dos banqueiros, autorizando as reduções de custo de pessoal e a terceirização do trabalho bancário, para aumentar ainda mais o lucro dos bancos e a concentração da riqueza de nosso país e a precarização do atendimento bancário aos clientes e usuários. Sua atuação é tão nebulosa nessa área, que sempre atua em defesa dos interesses dos bancos em detrimento dos interesses da sociedade”, analisa Miguel.

Um exemplo, cita o dirigente sindical, de leniência do BC foi a medida que tomou na quinta-feira (15), em que alivia resolução de sua própria autoria estendendo o prazo de funcionamento dos correspondentes bancários no interior das agências e postos de atendimento. A medida de proibição que entraria em vigor no dia 2 de janeiro foi prorrogada para abril de 2.012.

“Se a figura dos correspondentes bancários é para bancarizar, ou seja, incluir quem está excluído dos bancos, como então assegurar que estes funcionem dentro das próprias agências bancárias?”, critica Miguel.

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