Os dirigentes sindicais criticam a construção unilateral do programa
A Contraf-CUT, assessorada pela Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Itaú, se reuniu nesta terça-feira (23) com o banco, na sede da Confederação, em São Paulo. O Itaú apresentou seu projeto de reabilitação, denominado pela instituição de ‘Programa de Readaptação Profissional’.
De acordo com o banco, o programa atendeu, entre 2012 e 2014, 1980 funcionários que retornaram ao trabalho após afastamento por doença. A equipe de atendimento se concentra em São Paulo e no Rio de Janeiro e conta com sete médicos, dois psicólogos e um técnico de enfermagem. Segundo o Itaú, além do acompanhamento clínico, também são feitas adequações das tarefas na volta da licença médica.
Mas os dirigentes sindicais foram unânimes em afirmar que, entre o objetivo e prática, ainda há uma grande distância. Jair Alves, coordenador do COE do Itaú, destacou, como grande falha, a construção unilateral do programa.
“Os trabalhadores ficaram de fora da elaboração deste projeto. Queremos participar do início ao fim do processo. Nossos sindicatos recebem, todos os dias, reclamações de bancários que ao retornar ao trabalho são mal acolhidos pelo gestor direito ou mesmo pelo banco. O Itaú precisa mudar isso e a opinião do trabalhador é fundamental,” explicou Adma Maria Gomes, secretária de Saúde da Fetec-SP.
Papel X Realidade
Durante o encontro, o gerente de Medicina Ocupacional do banco, André Fusco, acompanhado do diretor de Relações Sindicais, Marcelo Orticelli, explicou que o bancário, ao retornar ao trabalho, tem função e metas ajustadas, de acordo com sua condição de saúde. Este é um ponto contestado pelos representantes dos trabalhadores.
“Bancários readaptados denunciam que as metas continuam sendo as mesmas para as agências. Também existe a insegurança, o temor de ser demitido mesmo no período de seis meses do programa, que não garante estabilidade no emprego,” relatou Carlos Damarindo, diretor do Sindicato dos Bancários de São Paulo.
Assédio Moral
A dirigente Solange Gouveia, do Sindicato dos Bancários de Limeira, contou que foi alvo de assédio moral ao voltar ao trabalho, após mais de um de ano de afastamento. “Só após três meses de retorno da licença é que fui encaminhada ao programa de reabilitação do Itaú .Tive depressão. Fui mal acolhida por gestores e colegas de trabalho. Disseram que eu precisava escrever uma carta ao banco, relatando os problemas que tive, para retornar ao trabalho. Queriam forçar minha demissão”, disse Solange.
Diante da declaração, o banco solicitou que Solange envie informações e documentos relacionados ao processo de reabilitação.
GT de saúde
Para Josenilda de Jesus, a Josi, da Fetrafi-RJ/ES, a reunião com o banco foi construtiva, com relatos que podem ajudar o Itaú a corrigir as falhas do processo de reabilitação. Federações e sindicatos receberão uma cópia do programa do banco e outra reunião ficou pré-agendada para 14 e 15 de julho, também na Contraf-CUT.
“Estamos analisando ponto a ponto do programa e vamos encaminhar nossas demandas ao banco. Também iremos formar o GT de Saúde do Itaú, que contará com representantes dos trabalhadores e da instituição bancária para debater as nossas reivindicações, já que o Itaú está entre os bancos com maior número de adoecimentos por conta do trabalho”, finalizou Jair.