BB segue na contramÆo de seu papel de banco p£blico

(São Paulo) O anúncio do plano do governo de criar um grupo para acompanhar a atuação dos bancos públicos federais mostra que o Banco do Brasil está na contramão da linha buscada pelo Poder Executivo. A intenção foi divulgada pela da presidente da Caixa Econômica Federal, Maria Fernanda Ramos Coelho em seminário a respeito do papel dessas instituições.

 

No seminário, os representantes de bancos públicos defenderam “uma atuação eficiente na área comercial para gerar lucros e manter os bancos capitalizados”. Esse tipo de pensamento vai na contramão do próprio projeto de governo.

 

Na reportagem do Valor Econômico, o vice-presidente de finanças do Banco do Brasil, Aldo Mendes, sustenta que os bancos públicos precisam ser mais eficientes porque, se “atuassem apenas nessas áreas (ambiental e social), haveria a corrosão de seu capital e ficaria limitado para continuar a operar”. Para ele, a atuação em segmentos do crédito em que não há concorrência comercial, como o da agricultura familiar, subsidiado pelo Poder Público, dá conta do papel de banco público.

 

As declarações do diretor mostram o quanto o BB está desalinhado com a orientação pró-desenvolvimento com distribuição de renda. O pacote de reestruturação lançado no dia 7 de maio que propõe terceirização e demissões é um exemplo disso.

 

Comunicado

Com assunto “estrutura organizacional”, um comunicado interno de 16 de maio de 2007 foi divulgado afirmando que as medidas de 7 de maio não tinham por objetivo a privatização da empresa. O texto, porém, defende a opção pela terceirização adotada pelo banco como estratégia de mercado, ignorando o papel do banco público.

 

O texto fala de fatores que motivam a terceirização além do econômico, “como a qualidade dos serviços, a confiabilidade do fornecedor ou do parceiro e a abrangência”. Uma das empresas contratadas pelo Banco para soluções em processamento de dados, a Cobra Tecnologia, “quarteiriza” serviços, quer dizer, contrata trabalhadores como pessoas jurídicas, precarizando ainda mais a mão-de-obra e comprometendo a qualidade do serviço.

 

Na edição de outubro de 2006 do Espelho, o funcionário Idário Antiqueira relatava que a qualidade da carteira de crédito do BB evoluiu de um cenário em que era uma das de inadimplência mais crítica do mercado para ser referência no mercado. Parte do sucesso, Idário atribuía à valorização do funcionalismo no setor.

 

O Comunicado chega à ousadia de afirmar que a terceirização só atingiria atividades meio, e insiste em incluir processamento de envelopes em Campo Grande, Goiânia, Vitória e Brasília como exemplos. A medida afronta parecer do Ministério do Trabalho e Emprego que apontam a terceirização de retaguarda bancária (inclusive processamento de envelopes) como atividade fim. Sendo assim, a terceirização da área é, além de tudo, ilegal.

 

Fonte: Contraf-CUT, com informações do jornal Valor Econômico

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