Diretores do Sindicato dos Bancários de Guarulhos e Região estiveram na região da Vila Galvão na manhã desta quinta-feira, dia 19, para dialogar com a categoria e população sobre a saúde e as condições de trabalho que os bancários enfrentam diariamente. Os bancos visitados foram Santander, Caixa Econômica Federal, Itaú, Bradesco e Banco do Brasil, instituições que têm reduzido número de funcionários e sobrecarregando os trabalhadores que permanecem.
A atividade aconteceu no mesmo dia em que o Comando Nacional, sem nenhuma garantia sobre os direitos da categoria, reúne-se com a Fenaban para a terceira rodada de negociações para debater os temas de Saúde e Condições de Trabalho. "A pressão exercida sobre os trabalhadores, a intensificação do trabalho, controle excessivo, entre outros fatores, agravam os casos de adoecimento mental. O trabalho está diretamente ligado à saúde do trabalhador e, por isso, precisamos discutir maneiras para amenizar este problema", relatou o secretário de Saúde do Sindicato, Luis Marques.
Redução de postos de trabalho – A redução dos postos de trabalho e o acúmulo de funções são dois dos fatores que mais contribuem para o adoecimento dos profissionais. Em 2017, somente o Banco do Brasil fechou 670 agências bancárias e abriu programa de demissão voluntária (PDV) para dez mil empregados, o que gerou um lucro de R$11 bilhões de reais e redução de R$2 bilhões na folha de pagamento, impactos que são vivenciados diariamente pelos bancários e clientes das agências.
Já a Caixa Econômica Federal reduziu mais de sete mil vagas em 2017. O banco público, que já teve mais de cem mil bancários e bancárias em seu quadro de funcionários em 2016, tem atualmente 88 mil trabalhadores e trabalhadoras, o que gerou uma economia de R$500 milhões à instituição, sobrecarregou agências e prejudicou o atendimento de milhares de clientes.
Além disso, o governo está reestruturando a instituição sem dialogar com os empregados. O “Programa Eficiência” pretende reduzir as despesas operacionais em R$2,5 bilhões até 2019, o que irá sobrecarregar ainda mais os trabalhadores e trabalhadoras da CEF sob o argumento de “eficiência e redução de despesas”.
Bancos privados também sobrecarregam categoria – A julgar pelos resultados do primeiro trimestre, os cinco maiores bancos do país devem repetir a dose e ostentar, novamente, lucros recordes este ano. Em 2017, Itaú Unibanco, Bradesco, Caixa Econômica, Banco do Brasil e Santander levaram, juntos, R$ 77,4 bilhões para os cofres, 33,5% a mais do que em 2016. A estratégia é bem antiga: cortar gastos a partir de demissões, fechamento de agências e digitalização das operações, sem repassar a economia ao consumidor final, sobrecarregando os bancários e bancárias e contribuindo para o adoecimento da categoria.
Doenças que acometem bancários – Os transtornos psiquiátricos já superaram as doenças osteomusculares que por muitos anos foram campeãs de incidência entre os trabalhadores bancários.
De acordo com o quadro geral das ações realizadas nos Centros de Referência em Saúde do Trabalhador (CRST) do município de São Paulo, somente de junho a novembro de 2015 – últimos dados divulgados -, dos 102 atendimentos a bancários realizados nos centros, 54% apresentavam transtornos metais. Em seguida estão problemas como LER e Dort (Lesões por Esforços Repetitivos e Doenças Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho) com 30,39% dos atendimentos.
Outro dado alarmante de saúde mental é de que no ano passado, 75,3 mil trabalhadores foram afastados em razão de depressão, com direito a recebimento de auxílio-doença em casos episódicos ou recorrentes. Eles representaram 37,8% de todas as licenças em 2016 motivadas por transtornos mentais e comportamentais, que incluem não só a depressão, como estresse, ansiedade, transtornos bipolares, esquizofrenia e transtornos mentais relacionados ao consumo de álcool e cocaína.
Os especialistas destacam que há risco de subnotificação, diante da dificuldade em comprovar o papel do ambiente de trabalho na ocorrência de episódios depressivos. Mesmo assim, há profissões que são conhecidas por terem mais afastamentos e aposentadorias ligadas a transtornos dessa natureza, como é o caso do mercado financeiro.