Na última sexta-feira, dia 30 de abril, foi realizada a assembleia de acionistas do Santander. Na oportunidade, representando a Afubesp, que é uma acionista minoritária, o presidente da entidade, Camilo Fernandes, leu seu voto contrário – para ser registrado em ata – para inúmeras questões que devem ser observadas pelo banco, bem como rejeitou às demonstrações financeiras do banco.
Isso porque, uma “manobra contábil” praticada nas contas (altas provisões para despesas com devedores duvidosos, que chegou a R$ 9,1 bilhões) acabou por impactar o lucro da instituição financeira e reduziu a distribuição de dividendos e o pagamento da PLR dos funcionários.
O banco espanhol obteve um lucro líquido gerencial de R$ 5,8 bilhões em 2014, o que representou crescimento de 2,4% em relação ao ano de 2013. Mesmo com este bom resultado e também com aumento de 1.581 clientes, o Santander age na contramão do que é bom para o Brasil, reduziu o número de empregados e de agências bancárias e elevou a política de terceirização.
“Os bancários querem o fim das demissões e mais contratações, visando acabar com a sobrecarga de trabalho, qualificar o atendimento a todos os clientes, oferecer bons serviços para a sociedade e melhorar a imagem da instituição no Brasil”, diz o documento.
Leia aqui íntegra do voto da Afubesp na assembleia de acionistas do Santander
O presidente da Afubesp também ressaltou que o lucro obtido possibilita também negociar seriamente com as entidades sindicais questões importantes como o pagamento do serviço passado do Plano II do Banesprev, resolver impasses colocados no SantanderPrevi, cumprir as decisões judiciais individuais e coletivas , como as das gratificações semestrais e tantas outras questões.
Enquanto funcionários sofrem, altos executivos enchem os bolsos
Outro ponto de destaque no voto da Afubesp na assembleia de acionistas do Santander é fato dos altos executivos serem agraciados com altíssimas remunerações, ainda maiores que no ano passado.
“O total previsto para a remuneração dos altos executivos do banco em 2015 é de 56,57% superior ao total realizado em 2014, mas o que chama mais atenção é o percentual de 950,34% previsto para o Conselho de Administração”, relata o voto, que continua: “Se todo esse montante for distribuído, cada um dos 44 diretores executivos poderá receber em média, cerca de R$ 6,9 milhões em 2015”.
Queremos esclarecimentos
Além do voto contrário, o presidente da Afubesp também protocolou um pedido de informações sobre as demonstrações do exercício 2014, no que diz respeito ao montante distribuído aos funcionários a título de PLR, bem como o valor pago como PPRS (Programa de Participação de Resultados do Santander) e programas próprios de renda variável.
Além disso, foi solicitado o número total de admissões e desligamentos efetuados no ano passado, com as referidas causas que levaram às demissões.