Os bancários aderiram ao Dia do Basta nesta sexta-feira 10, paralisando diversas agências na região da Avenida Paulista, no Centro Velho, na Voluntários da Pátria (zona norte),na Região da Capela do Socorro (zona sul) e principais agências da zona leste. Pararam também os centros administrativos ITM, CAT e CA Brigadeiro do Itaú; Alphaville, Prime da Paulista e Telebanco Santa Cecília, do Bradesco. Eles também participam do protesto que começou por volta das 10h30 na Avenida Paulista, em frente à Fiesp.
A participação da categoria no protesto nacional, chamado pelas centrais sindicais e movimentos sociais, foi aprovada quarta-feira 8, em assembleias nas bases de sindicatos de bancários de todo o país. As mesmas assembleias rejeitaram a proposta insuficiente e incompleta da Fenaban (federação dos bancos). A de São Paulo, Osasco e região lotou a Quadra dos Bancários e rejeitou por unanimidade a proposta.
O Dia do Basta ocorreu nesta sexta em todo o país em protesto contra os retrocessos do governo golpista de Temer, como a reforma trabalhista, o desemprego que atinge quase 13 milhões de brasileiros, os cortes na saúde e educação, o aumento da pobreza e da miséria, a entrega do patrimônio nacional como o pré-sal e o desmonte das empresas públicas, entre elas o Banco do Brasil e a Caixa.
Não à proposta da Fenaban
Além de se manifestar contra os desastres do golpe, os bancários também protestam contra a proposta da Fenaban de reposição da inflação para salários e demais verbas, e que não prevê garantias contra as novas formas de contratação precárias da reforma trabalhista.
A presidenta da Contraf-CUT, Juvandia Moreira, destacou que o Dia do Basta faz parte do calendário da Campanha Nacional dos Bancários 2018. “Esse dia de protestos prepara [a categoria] para negociação [com a Fenaban] que vai acontecer no dia 17. O que os bancários disseram no Brasil todo [nas assembleias de quarta 8] é que não vamos aceitar nenhum direito a menos e que queremos aumento real e melhorar a participação nos lucros e resultados.”
“Outra questão central é que os bancários não vão aceitar fechar um acordo sem garantia de que os trabalhadores não serão substituídos por trabalhadores terceirizados, por PJ, por trabalhador autônomo… Queremos que a Fenaban se comprometa com isso por escrito”, acrescenta as dirigente, uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários, que representa a categoria na mesa de negociação com a Fenaban. Juvandia refere-se a garantias contra as contratações permitidas pela nova lei trabalhista, que retira direitos.
A presidenta do Sindicato dos Bancários, Ivone Silva, ressaltou que os trabalhadores querem proposta completa, para outras questões apresentadas na mesa como saúde e condições de trabalho e emprego. “Fizemos seis negociações e os bancos não trouxeram nenhuma proposta completa e nem suficiente, já que é sem aumento real. Não garantiram que não vão substituir bancários por terceirizados ou PJs, que são contratações permitidas pela nova legislação. Eles dizem que não vão adotar esses contratos, mas não querem assinar. Outra questão importante para nós são as metas, que são absurdas e estão adoecendo a categoria. Os trabalhadores têm de participar da construção dessas metas”, diz a dirigente, que também é coordenadora do Comando.
Dia 15 tem ato em defesa do BB e da Caixa
Outra mobilização do calendário da Campanha Nacional dos Bancários é o ato do dia 15, em Brasília, contra as resoluções 22 e 23 da CGPAR que aniquilam os planos de saúde de empresas públicas, e em defesa dos bancos públicos, que estão sendo desmontados pelo governo Temer.
Bancários deram o recado
Bancárias e bancários estão indignados com a proposta da Fenaban e os retrocessos do golpe. “Foi um dia muito importante para mandar um recado para o governo federal de que os trabalhadores continuam mobilizados. Apesar de algumas ‘deformas’ terem passado, eles continuarão enfrentando a resistência dos trabalhadores. Não vamos ficar parados diante da retirada de direitos, não vamos ficar acuados com essas ameaças deles”, disse uma bancária do Telebanco Bradesco.
Outro bancário do Bradesco destacou que os colegas estão receosos com a reforma trabalhista. “Já estamos em alerta desde que as reformas passaram. Aqui no banco temos de viver um dia de cada vez porque temos medo de que elas sejam implementadas. Confesso que ando bem preocupado com os rumos que as coisas estão tomando no Brasil. Aí vem essa proposta fraca da Fenaban que deixa as coisas ainda mais temerosas. Temos de estar sempre atentos e juntos do Sindicato para saber como conduzir as coisas”.
Um trabalhador do Itaú reclamou a proposta da Fenaban, sem aumento real. “É vergonhosa e não atende nossas reivindicações. Os bancos têm plenas condições de atender o que pedimos. Tivemos uma assembleia lotada e rejeitamos a proposta. E parar hoje já é uma demonstração da nossa força.”
Bancos lucram alto
O bancário do Itaú tem razão. Mesmo na crise, os bancos ganham, e muito. Em 2017, os cinco maiores bancos que atuam no país (Itaú, Bradesco, Santander, BB e Caixa), que empregam em torno de 90% da categoria, lucraram juntos R$ 77,4 bilhões, aumento de 33,5% em relação a 2016. Só no primeiro trimestre deste ano, eles já atingiram R$ 20,3 bi em lucro, 18,7% a mais do que no mesmo período de 2017. E os balanços do semestre já divulgados pelo Itaú, Bradesco e Santander apontam que o ritmo de crescimento se manterá.
Entre 2012 e 2017, o lucro líquido das maiores instituições financeiras no país teve uma variação real positiva de 12%. E o volume das atividades também apresentou crescimento nesse período: a carteira de crédito aumentou 25% acima da inflação e o número de clientes com conta corrente e conta poupança apresentou alta de 9% e 31%.
Agenda dos trabalhadores
A data foi aprovada em junho pelas centrais, juntamente com a chamada "agenda prioritária da classe trabalhadora", com 22 propostas das entidades para os candidatos nas eleições deste ano.Alguns candidatos já receberam o documento, como Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Ciro Gomes (PDT), além da então pré-candidata do PCdoB, Manuela D´Ávila, e líderes partidários no Congresso.