Depois de nove meses, o Brasil retoma a liderança do ranking dos maiores juros reais (descontada a inflação) do mundo, com uma taxa de 4% ao ano. Segundo a consultoria Up Trend, responsável pelo levantamento com 40 países, a situação brasileira apenas poderia ser modificada se os diretores do Banco Central (BC), que compõem o Comitê de Política Monetária (Copom), anunciassem hoje uma redução de 0,5 ponto porcentual na taxa Selic.
Essa decisão, no entanto, está praticamente descartada pelos analistas do mercado financeiro, que apostam na manutenção dos juros básicos em 8,75% ao ano. A maioria acredita que o BC comece a elevar a taxa já no primeiro semestre, possivelmente em abril por causa das expectativas de inflação futura. “Diante desse cenário, a expectativa é que o País volte a ficar um bom tempo como o maior pagador de juros do mundo”, destaca o economista Jason Freitas, da Up Trend.
Até dezembro, o Brasil ocupava a segunda colocação no ranking de juros reais, atrás apenas da China. Mas, com a elevação das projeções de inflação por lá, o país asiático caiu para o terceiro lugar. A vice-liderança ficou com a Indonésia (3,6% ao ano). Freitas destaca ainda que a queda dos juros em muitas economias também ajudou a mudar a dinâmica do ranking.
Mas ele não acredita que, por causa da mudança, o Brasil vá receber “muito mais investimentos em renda fixa”. Isso porque, apesar da forte realização de lucros nas bolsas, verificado nos últimos dias, os investidores continuarão atrás de ativos de risco, que lhes deem ganho maior. Mas, se as projeções de inflação continuarem a subir, é possível que alguns apostem em títulos pós-fixados.