Indignados, os bancários estão parando agências do Santander na manhã desta terça-feira (4) em várias cidades do país, como São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador, protestando contra as demissões em massa e exigindo a reintegração de todos os funcionários desligados. A Contraf-CUT já cobrou uma negociação com o banco, mas até o momento não obteve retorno.
“Solicitamos uma negociação com o Santander para discutir a suspensão imediata das dispensas e a manutenção dos empregos dos trabalhadores do banco”, destaca Ademir Wiederkehr, funcionário do banco e secretário de imprensa da Contraf-CUT.
A paralisação é a primeira resposta diante da onda de dispensas que foi deflagrada pelo banco que começaram na semana passada com o desligamento de 40 funcionários na Torre Santander e que estouraram nesta segunda-feira (3) com cerca de mil demissões, segundo estimativa inicial de dirigentes sindicais. A Contraf-CUT já está fazendo um levantamento nacional junto aos sindicatos para apurar o total de dispensas.
“Tivemos informação que o banco prosseguirá as demissões até a próxima sexta-feira (7) e que pode atingir cerca de 5 mil em todo país. Isso é um absurdo, pois os trabalhadores brasileiros são principais responsáveis pela maior fatia do resultado global da empresa (26%). O banco não demite na Espanha onde há crise, nem em outros países da América Latina. Não aceitamos que dispensem os funcionários daqui”, afirma Maria Rosani, diretora do Sindicato dos Bancários de São Paulo e coordenadora da Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Santander.
Rosani alerta que entre os dispensados estão empregados com mais de 20 anos de banco, muitos às vésperas da aposentadoria, e até pessoas com deficiência. “Trabalhadores que dedicaram uma vida inteira à instituição não podem ser descartados dessa forma. Além disso, essas dispensas só podem estar ocorrendo para que o banco economize com os funcionários e amplie suas remessas à Espanha”, denuncia.
No Nordeste, dados preliminares de alguns sindicatos são preocupantes. Ocorreram 30 demissões em Pernambuco, 23 na Bahia, 14 em Alagoas e 10 na Paraíba. Na sua maioria, os desligados foram gerentes de agências.
Para Ademir, nada justifica essas demissões. Nos nove primeiros meses do ano, o banco lucrou R$ 5,694 bilhões no Brasil. “Ao invés de demitir, o banco deveria, isto sim, fazer mais contratações, como foi reivindicado pelas entidades sindicais na última negociação com o banco, no dia 22 de novembro, durante o Comitê de Relações Trabalhistas”, ressalta o dirigente sindical.
“Queremos melhores condições de trabalho, frear o adoecimento de trabalhadores e agilizar o atendimento aos clientes e usuários”, defende Ademir.
“Ao demitir trabalhadores, faltando menos de um mês para o Natal, o Santander revela que não respeita o Brasil e os brasileiros”, critica o diretor da Contraf-CUT. “Exigimos a suspensão imediata das demissões, a manutenção dos empregos e a geração de novos postos de trabalho, como forma de responsabilidade social e contrapartida para o desenvolvimento do país”, conclui.