Encontros com bancários discutem avanço do projeto-piloto de segurança

Reuniões com representantes das agências ampliam participação da categoria

O Grupo de Acompanhamento do Projeto-piloto de Segurança Bancária deu início nesta terça-feira, dia 21, à série de quatro reuniões com representantes das 209 agências de Recife, Olinda e Jaboatão dos Guararapes. O objetivo dos encontros, solicitados pela Contraf-CUT e o Sindicato dos Bancários de Pernambuco, é informar aos bancários sobre o andamento do projeto-piloto e envolvê-los na luta por mais segurança nos bancos. As reuniões, organizadas pela Febraban, terminam nesta quarta-feira, dia 22.

Para a presidenta do Sindicato, Jaqueline Mello, a participação dos bancários nas duas primeiras reuniões realizadas nesta terça foi muito boa. “Compareceram cerca de cem representantes das agências e a participação foi bastante ativa, com perguntas interessantes sobre o projeto-piloto. Pudemos esclarecer as dúvidas e sensibilizá-los sobre a responsabilidade de cada um na luta pela segurança bancária”, explica Jaqueline.

As reuniões também contam com a participação da Secretaria de Defesa Social de Pernambuco, representada pelos delegados da Polícia Civil Mauro Cabral e José Cláudio Nogueira. Durante os encontros, os policiais deram dicas de segurança para os bancários e não pouparam os bancos das críticas.

Descaso dos bancos

Uma das principais reclamações dos delegados revela que os bancos têm deixado de registrar Boletins de Ocorrências ou chegam a atrasar semanas para registrar os crimes. “Isto atrapalha a investigação policial”, ressaltou o delegado Nogueira. Ele também citou problemas com a qualidade das imagens e o posicionamento inadequado de parte das câmeras de segurança. “Também observamos situações em que os vigilantes prestam outros serviços, num desvio de função que fragiliza a segurança”, completou.

Já o delegado Mauro Cabral apresentou dados sobre os ataques a agências bancárias. Segundo ele, o número de assaltos a banco em Pernambuco caiu de 38 em 2012 para 28 no ano passado. Já o número de arrombamentos subiu de 45 em 2012 para 78 em 2013. Cabral chamou a atenção de que grande parte dos assaltos ocorrem na hora do meio-dia.

“Isso revela o problema de muitas agências, onde falta o rendeiro para os vigilantes que estão em horário de almoço”, destaca o secretário de Imprensa da Contraf CUT e coordenador do Coletivo Nacional de Segurança Bancária, Ademir Wiederkehr. “Reivindicamos a contratação de mais vigilantes, mas os bancos estão mais focados nos custos e têm se negado. Os dados apresentados pelo delegado reforçaram ainda mais a importância dessa reivindicação”, diz Ademir.

Luta dos bancários

Ademir, pela Contraf-CUT, e Jaqueline, pelo Sindicato, apresentaram aos bancários um histórico da luta por mais segurança nos bancos. Jaqueline contou como foi o processo que antecedeu a assinatura do acordo, desde o início da construção da Lei Municipal de Segurança Bancária do Recife, elaborada em 2009 pelo vereador Josenildo Sinésio (PT) em parceria com o Sindicato.

Ela também destacou a importância do envolvimento do Ministério Público, que foi acionado pelo Sindicato em 2011. “O promotor Ricardo Coelho comprou a briga dos bancários e determinou que o Procon e a Dircon multassem e interditassem as agências inseguras do Recife. Isso foi fundamental para que a Febraban indicasse a capital pernambucana para sediar o projeto-piloto”, disse Jaqueline.

Ademir apresentou as pesquisas nacionais sobre ataques a bancos e sobre as mortes em assaltos envolvendo bancos, organizadas pela Contraf-CUT em parceria com a Confederação Nacional dos Vigilantes (CNTV) e o Dieese. O dirigente relatou que o projeto-piloto foi uma proposta dos bancários nas negociações da Campanha Nacional de 2012 e detalhou as medidas previstas.

“Conseguimos garantir para as agências de Recife, Olinda e Jaboatão a instalação de portas de segurança com detectores de metais, câmeras nas áreas internas e externas, biombos entre a bateria de caixas e as filas, guarda-volumes, vigilantes com coletes a prova de balas e armados e cofre com dispositivo de retardo”, ressaltou Ademir.

“Mas vale destacar que temos outras reivindicações que não foram atendidas. Queremos o monitoramento das imagens das câmeras de segurança em tempo real e que os bancos instalem vidros blindados nas fachadas, por exemplo. Além disso, queremos acabar com essa prática perigosa de se obrigar bancários a levarem chaves dos cofres e agências para casa”, salientou o diretor da Contraf-CUT. “Precisamos aumentar a prevenção aos assaltos e sequestros e proteger a vida das pessoas”.

Já o diretor da Setorial de Segurança Bancária da Febraban, Pedro Oscar Viotto, apresentou o organograma da Federação Nacional dos Bancos e mostrou que sua pasta está subordinada à Diretoria de Políticas de Negócios e Operações. Ele também falou sobre os compromissos da Febraban com o projeto-piloto, entre eles o estímulo para a realização de transações eletrônicas e a redução de saques em dinheiro.

Segundo Ademir, as instituições financeiras reduziram os limites do TED, mas seguem cobrando altas tarifas, fazendo com que os clientes continuem sacando quantias elevadas em dinheiro, correndo o risco de serem vítimas da saidinha de banco. Os bancários reivindicam a isenção das tarifas de transferência de recursos.

Além de Ademir e Jaqueline, participaram das reuniões desta terça representando o Sindicato os diretores João Rufino e Suzineide Rodrigues.

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