No BDMG, financiamento para capital de giro avança

Valor Econômico
Cesar Felício, de Belo Horizonte

O financiamento de capital de giro, e não de fomento, foi o item com maior crescimento na carteira de empréstimos do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) em 2009. Para este ano, a tendência na instituição financeira estatal mineira é que as liberações para capital de giro dividam espaço com os empréstimos para prefeituras, depois de uma autorização para aplicação de R$ 200 milhões.

Segundo o presidente do BDMG, Paulo Paiva, somente em recursos próprios as liberações para capital de giro passaram de R$ 36 milhões em 2008 para R$ 168,4 milhões no ano passado. “São linhas não atendidas pela rede privada”, afirmou. Englobando recursos de outras instituições como o BNDES, a evolução foi de R$ 94,3 milhões para R$ 201,1 milhões. Prevaleceram os financiamentos para empresas de até R$ 60 milhões de faturamento.

De acordo com Paiva, o financiamento de capital de giro em 2009 foi uma tendências dos bancos públicos, uma vez que os bancos privados procuraram reduzir sua exposição no chamado “middle market”. “Me antecipo a dizer que esta tendência será mantida mesmo em um ambiente pós-crise. Não voltaremos ao comportamento anterior”, afirmou. Segundo Paulo Paiva, o sistema financeiro privado ainda não voltou a financiar pequenas e médias empresas, exigindo o papel suplementar da rede pública.

Em termos globais, o BDMG desembolsou R$ 1,035 bilhão em empréstimos, ou 36% a mais do que em 2008. Desse total , 35% se destinaram para empresas pequenas ou médias. Foram contratados financiamentos de R$ 1,196 bilhão, ou 43% acima do ano anterior. Para 2010, a meta é chegar a R$ 1,350 bilhão de desembolso.

Paiva destacou o aumento de repasses de recursos do BNDES, que pulou de R$ 172 milhões para R$ 251 milhões. “Na região Sudeste, o BDMG como agente repassador passou de 0,5% para 1% de tudo que o BNDES liberou no ano passado”, afirmou Paiva.

Ainda que o resultado tenha sido expressivo, ficou bem aquém do que Paiva havia estabelecido como meta no início do ano. Inicialmente, esperava-se chegar a R$ 1,3 bilhão de desembolso, o que significaria 71% a mais do que em 2008.

Minas Gerais foi o Estado brasileiro que teve a maior retração de arrecadação desde o início da crise econômica global, em setembro de 2008.

“Em 2009 devemos ter tido crescimento econômico zero, na melhor das hipóteses. Deve ter sido negativo”, disse Paiva, ex-ministro do Trabalho e do Planejamento na gestão de Fernando Henrique Cardoso.

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