Estudo prevê que bancos brasileiros e demais emergentes vão liderar em 2036

Os ativos totais de bancos das sete principais economias emergentes, combinados, vão ultrapassar os dos sete maiores países desenvolvidos em 2036, prevê relatório da PwC intitulado “O setor bancário em 2050”. A crise financeira adiantou esse movimento em uma década. Num estudo de 2007 feito pela consultoria, a expectativa era que os bancos de economias emergentes passassem à frente do primeiro pelotão apenas em 2046.

De acordo com o mesmo estudo, em 2050, quando os ativos bancários deverão alcançar US$ 300 trilhões, os bancos do grupo de países composto por China, Índia, Brasil, Rússia, México, Indonésia e Turquia terão quase 50% de participação no bolo. Já as instituições financeiras de Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e Canadá terão, juntas, uma fatia de cerca de 30%.

Na nova geografia do sistema financeiro mundial, a Índia é o país que apresenta maior potencial de crescimento. Os ativos bancários do país, que em 2009 respondiam por 1,4% do total, devem passar em 2050, pelas projeções da PwC, para 12,2%, atrás apenas de China e Estados Unidos e à frente de Japão, Reino Unido e Alemanha.

O Brasil também deve apresentar um crescimento forte, mais que dobrando sua participação de 1,5% para 3,4%. A exceção à tendência é o México, cuja previsão de ultrapassar a Itália, antes em 2038, passa agora para 2048.

As mudanças no cenário bancário ocorrerão com mais rapidez do que na economia, de maneira geral. O PIB dos sete principais países emergentes deve empatar com a riqueza produzida pelo grupo dos países desenvolvidos nos próximos vinte anos, enquanto a ultrapassagem é prevista para ocorrer nos próximos quarenta anos.

“A crise financeira e a adoção de regras mais rígidas de capital são determinantes para a aceleração do crescimento dos bancos em países emergentes”, observa Álvaro Taiar, sócio da PwC no Brasil, que lidera a área de serviços financeiros.

A China, que hoje ocupa o terceiro lugar no “ranking”, deve tomar a atual liderança americana por volta de 2023. Em 2050, é esperado que os ativos bancários na China respondam por 22,9% do volume global. Já a representatividade dos ativos bancários americanos cairia de 21,7%, em 2009, para 14,8%, em 2050.

A perspectiva da PwC, porém, é que a Índia ultrapasse a China no longo prazo, já que o ritmo de crescimento da economia chinesa tende a cair com o envelhecimento da população. O crescimento dos ativos bancários na China tende a ficar mais lento ao longo do tempo principalmente por conta da política de filho único. “Quando mais velhas, as pessoas deixam de poupar e passam a resgatar seus recursos dos bancos”, explica Taiar.

Em contrapartida, espera-se que a Índia tenha um crescimento mais expressivo de sua população economicamente ativa nas próximas décadas – daí o potencial de expansão de seu setor bancário. Mas a sustentabilidade da rápida evolução dos ativos financeiros na Índia dependerá, segundo o estudo, de políticas de investimento em infraestrutura, abertura de mercados, redução da burocracia e dos déficits orçamentários.

De qualquer forma, tanto China quanto Índia, com populações superiores a um bilhão de habitantes, são mercados considerados essenciais para o crescimento de qualquer banco. Até porque as projeções da PwC para as instituições financeiras nos Estados Unidos, no Japão e na Europa Ocidental mostram queda expressiva dos mercados nas próximas décadas.

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