O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, promulgou nesta quarta-feira, dia 21, a maior reforma financeira desde a Grande Depressão. Obama defendeu desde o início da elaboração da lei que a reforma colocará fim aos resgates de Wall Street financiados pelos contribuintes.
“Os americanos nunca mais terão de pagar pelos erros de Wall Street”, afirmou o presidente em um discurso pouco antes da assinatura do texto da reforma, no centro de conferências Ronald Reagan em Washington. “Estas reformas representam as mais fortes proteções ao consumidor da história”, considerou Obama.
Obama discursou ao lado do vice-presidente, Joe Biden, antes de assinar a reforma de Wall Street, em Washington
“Essas proteções serão aplicadas por um novo regulador que tem somente uma missão: atender as pessoas, e não os grandes bancos, os organismos de empréstimo, os investidores”, acrescentou. “Isso não é bom apenas para os consumidores, é bom para a economia”, segundo Obama.
O presidente americano indicou que a reforma vai “impedir os abusos e excessos que quase destruíram nosso sistema financeiro”. “Ela vai introduzir transparência nas transações complexas que contribuíram para desencadear a crise financeira”, disse.
LEI
Mas este projeto de lei de mais de 2.300 páginas precisará de tempo para ser aplicado. Os reguladores encarregados de supervisionar o sistema financeiro americano devem ainda elaborar várias regulamentações, geralmente complexas, para permitir que as novas medidas entrem em vigor.
O texto adotado pelo Congresso na semana passada, com a última votação no Senado que encerrou meses de discussões estabelecendo sobretudo, como ressaltou Obama, a criação de um organismo de proteção aos consumidores de produtos financeiros no banco central americano (Fed). Ele tem por objetivo impedir o resgate de grandes instituições financeiras às custas dos contribuintes.
“Adotar este texto não foi uma tarefa fácil”, disse o presidente nesta quarta-feira, saudando seus colegas democratas do Congresso que trabalharam nele durante vários meses. No Senado, apenas três republicanos aprovaram o texto.
Os opositores da reforma – alguns representantes da indústria financeira e os adversários republicanos de Obama – consideram principalmente que a nova lei vai prejudicar todo o setor por causa dos erros de alguns.
O presidente do Wells Fargo, John Stumpf, considerou nesta quarta-feira que “é cedo demais para estimar precisamente” o custo financeiro da reforma. “Continuamos a temer que alguns aspectos tenham efeitos colaterais imprevistos sobre o sistema financeiro, sobre os consumidores e sobre as empresas”, disse.
A ABA (Associação dos Banqueiros Americanos) se disse “decepcionada” com a reforma nesta quarta-feira em um comunicado, que contém, segundo ela, “um tsunami de novas regras e restrições para os bancos tradicionais que não têm nada a ver com as causas da crise financeira”.