Fora do critério geral, diretoria do BRB quer garantir 14° salário a executivos

Estão em fase final de discussão entre o Sindicato dos Bancários de Brasília e o BRB as alterações para a formatação do novo modelo de PLR (Participação nos Lucros e Resultados), cuja proposta final será submetida a assembleia dos empregados para aprovação.

Um dos pontos da PLR apresentada pelo banco com o qual Sindicato discordou e busca, pela via negocial, fazê-lo entender e demonstrar sensibilidade e senso de primar pelo bom clima organizacional é sobre a garantia de recebimento de uma remuneração bruta (aproximadamente R$ 17.000) pelos 26 executivos do banco independentemente do atingimento das metas.

Ou seja, basta o banco dar lucro de 1 centavo que esses executivos terão assegurada essa remuneração, de acordo com a proposta da diretoria do BRB para a parte vinculada a metas da PLR do segundo semestre de 2009. É descabido imaginar que os gestores das metas, na direção geral, absolutamente não precisam se preocupar em cumpri-las, estabelecendo uma condição diferenciada.

Ricardo Viera, presidente do BRB, e sua diretoria exorbitam e agridem qualquer manual sério de administração quando propõem algo dessa natureza. Aliás, esse não é o único absurdo contido na proposta da PLR apresentada pela diretoria, pois, no que se refere à parte variável (60%), da forma como banco apresenta, se os funcionários a cumprirem, podem receber menos do que se não cumprirem. Isso porque todo o montante destinado à PLR tem de ser distribuído de alguma forma. E o Sindicato questiona: o que pensaria qualquer formulador e executor comprometido com parâmetros da administração moderna sobre isso?

O descalabro da direção vai além, pois propôs para si mesma, retroativa ao segundo semestre de 2008, uma PLR de três remunerações para cada diretor (algo em torno de R$ 66 mil por semestre) caso o banco apresente lucro. É de se perguntar se a diretoria, ou mesmo o GDF, impõe alguma meta a eles. A impressão que se tem é a de que, combinando as duas propostas da PLR para a diretoria e para os executivos, isso é uma forma de a diretoria “compartilhar” a responsabilidade por esta benesse concedida a ela mesma.

Apenas para efeito de comparação: o valor máximo que um escriturário receberia, de acordo com a proposta inicialmente apresentada pelo banco, que o Sindicato busca ainda melhorar, já tendo avançado em alguns exercícios, é de aproximadamente R$ 1.700. Isto é, os oito diretores e os 26 executivos do banco “valem” 578 escriturários, e, neste último caso, a diferença entre o maior e o menor VR é de dez vezes, e com um detalhe: não precisam cumprir meta.

É importante ressaltar que boa parte dos executivos demonstrou desconforto em ter assegurado este benefício sem se submeter a metas, mas a diretoria colegiada insiste nessa posição, alegando valorização dos cargos que considera de maior status.

Algumas observações e uma contradição

O Sindicato entende que se deva buscar referências positivas em outros bancos e parâmetros de mercado, mas há que considerar a particularidade do BRB, suas características e as condições adversas que os bancários vêm enfrentando, com forte compromisso profissio-nal, nos últimos anos.

O Sindicato é a favor, por princípio, à boa remuneração para qualquer segmento, mas dentro de critérios sensatos, de acordo com o conjunto dos trabalhadores e os resultados sustentáveis da empresa. Há que se perguntar e debater, profundamente, quais são as metas e projetos do GDF para o banco, qual é o compromisso e o desempenho da diretoria atual, bem como sua sensibilidade, respeito, habilidade e real opção por um processo de valorização do trabalho pelo lado da motivação, e não de atitudes precipitadas e negativas.

Aliás, é contraditória a última medida tomada pelo banco em relação aos comissionados da direção geral, pela qual o banco não pagará mais substituições, sendo as FGs da DG, incluídos os executivos, claramente desvalorizados pelo acúmulo não remunerado de responsabilidades. Mais uma matéria imediata para a pauta de reivindicações da campanha salarial.

Em relação às gerências executivas do BRB, o Sindicato, ressaltando a grande importância que têm nos rumos da instituição, chama os funcionários dessa função para reforçar o entendimento de que, na forma diferenciada com que a direção do banco insiste em tratá-los, é sempre bom relembrar que as diretorias passam, e o que fica, como base de sustentação da instituição, são os colegas de carreira.

Não é segredo que o presidente do BRB sempre busca parâmetros no Banco do Brasil, no qual os vices-presidentes (cargo análogo aos diretores do BRB) recebem de PLR/bônus algo em torno de três remunerações brutas (aproximadamente R$ 75 mil/semestre). Nesta relação é importante observar a disparidade entre as duas empresas: tamanho, lucro líquido, ativos administrados, retorno sobre o pa-trimônio e número de funcionários, bem como a diretriz estratégica sobre permanência, função e capacidade de servir enquanto banco público, ao contrário da incerteza que, de certa forma, ainda perdura sobre o BRB.

O Sindicato entende que a remuneração por responsabilidade tem de ser contemplada num Plano de Cargos e Funções, sobretudo valorizando as FGs e AGs conforme as atribuições e o papel operacional de cada uma claramente definidas.

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