As centrais sindicais e os movimentos sociais se reunirão nesta quarta-feira 26 em Brasília com o presidente Lula para discutir as conseqüências para o Brasil da crise financeira iniciada nos Estados Unidos. As centrais entregarão ao presidente documento elaborado esta semana propondo, neste momento de crise, o resgate dos principais pontos que orientaram a construção da Agenda dos Trabalhadores pelo Desenvolvimento, tendo como prioridade absoluta medidas voltadas para a geração de emprego e renda.
No encontro, convocado pelo presidente Lula, a Contraf/CUT também reivindicará ações do governo federal para que os bancos liberem mais crédito para a economia e medidas para impedir que, em conseqüência das fusões recentes no sistema financeiro nacional, haja demissões e perdas dos direitos dos bancários.
“As aquisições e fusões não podem ser benéficas apenas para os bancos, que sempre tiveram privilégios. Elas não podem gerar cortes de postos de trabalho e nem perdas de direitos dos bancários. Num momento de crise como esse, precisamos ir além do corporativismo e lutar para que as fusões sejam também positivas para a economia brasileira, com melhor atendimento à população, mais oferta de crédito e diminuição de juros, do spread e das tarifas bancárias”, afirma Vagner Freitas, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf/CUT), que estará no encontro junto com o diretor executivo Paulo Stekel.
O Banco Central já liberou um total de R$ 29,5 bilhões em compulsórios (dinheiro dos depósitos bancários que fica no Banco Central como garantia) para que os bancos usem na compra de carteiras de crédito de instituições financeiras pequenas e médias, porém os bancos utilizaram apenas um terço do dinheiro dos depósitos liberado.
A liberação dos compulsórios para compra de carteira de bancos médios tem a finalidade de fazer com que o crédito chegue até a economia.
Acabar com a especulação
“O movimento sindical brasileiro pretende preservar o caminho do crescimento. Diante dos riscos de desaceleração da atividade econômica, apoiamos o teor das medidas emergenciais tomadas pelo governo. Entretanto, consideramos que são necessárias a adoção de políticas e medidas de contrapartidas sociais que visem a proteção dos trabalhadores e da população pobre”, diz o texto do documento que as centrais e os movimentos sociais entregarão ao presidente Lula.
O documento afirma que os movimentos reconhecem que a superação mundial da crise vai depender de uma nova arquitetura do sistema financeiro mundial. “A desmontagem da especulação financeira cobra um preço alto daqueles que não fizeram parte da festa dos ganhos fáceis. O Brasil terá voz decisiva na construção desse novo arranjo internacional se for capaz de propor uma agenda viável para o enfrentamento da pobreza e da concentração de renda. Em parte, isso está em curso no nosso país. Mas é preciso avançar muito mais. O movimento sindical dos trabalhadores está pronto a exercer papel ativo e ser importante referência na construção desta nova ordem econômica e social. Enfrentar a especulação financeira, controlar os fluxos de capitais, tributar com justiça e, sobretudo, reforçar as políticas sociais que garantam a inclusão de todos, fazem parte dessa agenda para viabilizar a superação da crise na direção que interessa aos trabalhadores e ao povo”.