Financial Times
David Oakley e Ralph Atkins
Os bancos espanhóis captaram volumes recorde de empréstimos do Banco Central Europeu (BCE), uma vez que as instituições financeiras do país enfrentam dificuldade para conseguir financiamento nos mercados de capitais internacionais.
Em maio, os bancos do país captaram ? 85,6 bilhões do BCE. É o dobro do volume que haviam recebido após a quebra do Lehman Brothers em setembro de 2008 e 16,5% do total líquido de créditos oferecidos pelo BCE.
O volume também é o maior desde a criação da região do euro em 1999 e representa uma parcela desproporcionalmente grande dos fundos emergenciais oferecidos pela autoridade monetária europeia, segundo analistas do Royal Bank of Scotland (RBS) e da Evolution. Os bancos espanhóis representam 11% do sistema bancário da região do euro.
O aumento das captações em relação aos ? 74,6 bilhões de abril (14,4% da liquidez injetada pelo BCE no sistema financeiro da região do euro) traz mais evidências sobre fortes tensões enfrentadas pelo sistema bancário da Espanha.
“Se a suspeita de que os mercados de financiamento estão sendo fechados para os bancos e empresas espanholas for correta, então é plausível prever que a parcela da liquidez do BCE destinada ao país tenha subido mais neste mês”, afirmou Nick Matthews economista do RBS especializado em Europa.
Alguns investidores acreditam que as dificuldades aumentam as chances de que a Espanha tenha de recorrer aos empréstimos emergenciais de um novo fundo de estabilidade europeu de ? 440 bilhões.
O euro, no entanto, valorizou-se em relação ao dólar ontem, enquanto os bônus espanhóis ficaram estáveis. Esse movimento aconteceu porque o governo conseguiu levantar ? 5,2 bilhões em dois leilões de títulos de curto prazo. Teve de oferecer, contudo, 0,75 ponto porcentual a mais de rendimento para atrair demanda.
As grandes oscilações nos mercados de bônus da região do euro foram registradas nos papéis gregos. O rendimento dos bônus de dez anos subiu 74 pontos-base, para 9,06%, após a Moody ‘ s ter rebaixado a classificação de risco de crédito de longo prazo do país para “junk”. Entre as principais agências de “rating”, apenas a Fitch confere à Grécia grau de investimento. Muitos investidores não podem mais ficar com esses bônus em suas carteiras, já que o rebaixamento significa que os papéis serão removidos dos índices que acompanham.
A Grécia será removida do World Government Bond Index, do EMU Government Bond Index e do World Broad Investment-Grade Index, mantidos pelo Citigroup. Os títulos gregos também perderão o direito a participar nos índices Global Aggregate, Global Treasury, Euro Aggregate e Euro Treasury, do Barclays Capital.
Os títulos do governo grego também devem impor uma penalidade adicional de 5% quando bancos os usarem como garantias para fundos do BCE devido ao rebaixamento imposto pela Moody ‘ s. Esse extra de 5% significa que os bancos comerciais receberão menos dinheiro por títulos gregos do que por títulos de quaisquer outro país da zona do euro.