O Tesouro Nacional irá injetar R$ 6 bilhões na Caixa Econômica Federal. Com isso, o banco poderá ampliar em até R$ 70 bilhões sua oferta de financiamento e manter a trajetória de ampliação do volume de empréstimos. Para a Contraf-CUT, a notícia é positiva, mas devia ter vindo acompanhada da contratação de novos trabalhadores para não aumentar a sobrecarga de trabalho atual nem prejudicar as condições de atendimento ao público.
“Os empregados da Caixa já estão sobrecarregados com o aumento das atribuições do banco nos últimos anos, que se tornou o principal operador de muitas das políticas sociais do governo, como o Bolsa Família e o Minha Casa, Minha Vida”, avalia Plínio Pavão, secretário de Saúde da Contraf-CUT e membro da Comissão Executiva dos Empregados do banco. “A Caixa precisa melhorar as condições de trabalho dos bancários com novas contratações, além manter condições mínimas de atendimento, em respeito ao público”, sustenta.
Em declarações à agência Reuters, o vice-presidente de controle e risco do banco, Marcos Roberto Vasconcelos, explicou que o aporte do governo federal foi decidido por conta do ritmo forte de expansão do crédito pela Caixa. O aporte visa garantir que o banco se mantenha dentro dos limites impostos pelo Banco Central, que define que, para cada 100 reais emprestados, os bancos devem ter capital mínimo de 11. No caso da Caixa, esse índice caiu de um número próximo de 30 no ano passado para 16, uma vez que a proteção de capital não evoluiu na mesma velocidade que a carteira de crédito, que cresceu 60% no período de 12 meses encerrado em agosto.
“A preocupação do banco e do governo federal com a segurança dos empréstimos é louvável, bem como a disposição em continuar aumentando o volume de crédito disponível para a sociedade, especialmente no crédito imobiliário. Esse mesmo tipo de preocupação precisa pautar a contratação de novos trabalhadores, melhorando as condições de trabalho e saúde dos bancários e garantindo que essa importante política pública possa ser efetivada da melhor maneira possível”, afirma Plínio.
Proposta insuficiente
A contratação de novos empregados é uma das reivindicações dos bancários nas negociações específicas com a Caixa. Até o momento, o banco anunciou que contratará 3 mil novos empregados em 2010, número considerado pequeno pelos representantes dos trabalhadores. Como comparação, o Banco do Brasil anunciou a contratação de 10 mil funcionários, sendo metade em 2010 e a outra em 2011.
Na última rodada de negociação, ocorrida nesta terça-feira, dia 13, a empresa apresentou um novo modelo ara a PLR e manteve as propostas apresentadas em negociações anteriores, como eleição de todos os cipeiros, criação de comitês de combate ao assédio moral, e abertura de negociação sobre o Saúde Caixa, entre outras. O Comando Nacional dos Bancários considerou a proposta insuficiente e recomenda a manutenção da greve nacional dos empregados do banco (veja mais aqui).
“A defesa do papel social da Caixa não pode prescindir de condições dignas de trabalho para seus empregados”, conclui Plínio.