O segundo dia de greve dos bancários e bancárias começou ainda mais forte, com 277 agências fechadas em todo o Estado do Espírito Santo. A mobilização mostra a força da categoria, que neste ano bate o recorde de agências fechadas no início do movimento. Também permanecem fechados 10 departamentos da Caixa, os prédios do Bandes, do Banco do Brasil da Pio XII e o Centro de Processamento de Dados do Banestes (CPD).
A luta dos bancários por melhores condições de trabalho e valorização acontece de norte a sul do Estado. Na Grande Vitória, 168 agências aderiram à greve. Entre bancos públicos, 57 são do Banestes, 37 do Banco do Brasil e 39 da Caixa. Entre os privados, 35 unidades estão paralisadas: 11 do Itaú, 11 do Bradesco, quatro do HSBC, oito do Santander e uma do Safra.
No interior do Estado estão paralisadas 17 agências do Banestes, 35 da Caixa, 45 do Banco do Brasil, 1 do BNB, 1 do Santander, 5 do Itaú, 1 do HSBC e 4 do Bradesco.
Exploração de bancários e clientes
Não há dúvidas de que os bancos têm plenas condições de atender as reivindicações dos bancários. Afinal, as taxas de juros pagas pelos brasileiros estão entre as maiores do mundo. Somente no cartão de crédito, os juros do rotativo alcançam 403,5% ao ano, no cheque especial os juros anuais chegam a 253,2%, além de tarifas exorbitantes.
“Os bancos alcançam lucros altíssimos às custas da exploração dos bancários e dos clientes e mesmo assim se negam a atender as reivindicações da categoria. A proposta da Fenaban impõe perdas em torno de 4% para os trabalhadores. Não podemos aceitar isso. A greve da categoria é por valorização, melhores condições de trabalho e atendimento digno para a população”, enfatiza Jessé Alvarenga, coordenador geral do Sindibancários/ES.
Jessé critica também a postura dos bancos públicos nas negociações nacionais. “Os bancos públicos federais, dirigidos pelo governo, estão alinhados com os bancos privados e também querem arrochar os salários da categoria. Mas os lucros mostram que não há crise no sistema financeiro, nem nos bancos privados nem nos públicos”, conclui.
Ao mesmo tempo em que oferecem tão pouco para um trabalhador, os bancos remuneram seus altos executivos com supersalários. Um bancário que ganha no piso R$1.796,45 teria de trabalhar 17,5 anos para ganhar o que o executivo do banco recebe, em torno de R$ 420 mil por mês.