O líder da bancada do Partido dos Trabalhadores na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), Luiz Claudio Marcolino, vai recolher assinaturas na Casa para instaurar uma CPI para analisar as denúncias de pagamento de propina de empresários de multinacionais a dirigentes do PSDB, partido que governa o estado há 20 anos.
A motivação para uma investigação parlamentar se deu por conta das denúncias que a revista Istoé reuniu na edição 2.279, de 24 de julho, e que apontam um esquema milionário de propinas da multinacional alemã Siemens a dirigentes do PSDB para ganhar licitações no Metrô e na CPTM. A revista aponta que o “propinoduto” dos tucanos pode ter movimentado cerca de 50 milhões de dólares em paraísos fiscais.
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Desde 2008, o Partido dos Trabalhadores já protocolou 13 representações no Ministério Público Federal e Estadual sobre casos de corrupção envolvendo tucanos e empresas como a francesa Alstom (que também atua no ramo ferroviário) e a Siemens, que possui contratos com o governo também na CPFL, no DER e na Cesp. O trâmite das representações segue sob sigilo.
Nelas, surgem nomes de políticos tucanos com bastante influência no governo estadual, controlado pelo partido desde 1995. Um dos nomes mais citados como operador do esquema de propinas é o de Robson Marinho, hoje conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE), nomeado pelo então governador tucano Mário Covas, de quem tinha sido assessor direto. Segundo Marcolino, a apreciação dos casos da Alstom e da Siemens caem nas mãos de Marinho, no TCE, facilitando o arquivamento das irregularidades.
“Isso revela uma grande estrutura de corrupção e lavagem de dinheiro. Vamos tentar novamente uma CPI para apurar essas irregularidades. Mesmo com as denúncias, o governo do estado não só manteve, mas ampliou os contratos com a Alstom e a Siemens”, critica.
A bancada do PT já protocolou três pedidos de CPI sobre denúncias envolvendo a Alstom e a Siemens e o transporte público administrado pelo governo do estado. Todas elas foram engavetadas.
Por dentro do caso
A Revista Istoé publicou a reportagem de capa “O propinoduto do tucanato”. A denúncia central da matéria dá conta de que executivos da empresa alemã Siemens uniam-se a outros grupos para ganhar licitações do Metrô e da CPTM por valores acima do mercado e que pagavam propina a dirigentes tucanos.
A Siemens fez as denúncias ao Cade, órgão que fiscaliza a formação de cartéis, em troca de imunidade para si e seus executivos envolvidos nos pagamentos ilegais.
A empresa francesa Alstom também é denunciada por irregularidades similares, abastecendo os cofres do tucanato paulista. O Wall Street Journal revelou, em 2008, que as concorrentes Siemens e Alstom apresentam uma política semelhante, ao redor do mundo, de pagamento de propinas para vencer licitações.
O caso da Alstom e da Siemens também está sendo analisado pela Justiça da Suíça, da Alemanha e da França. As cortes europeias confirmam que as empresas pagaram subornos e formaram cartéis durante as gestões de Mário Covas, Geraldo Alckmin e José Serra.