Um dos mais respeitados jornalistas econômicos brasileiros, Luis Nassif é antenado. Foi introdutor do jornalismo de serviços e do jornalismo eletrônico no país. Hoje, mantém um super visitado blog na internet (www.luisnassif.com.br ou www.projetobr.com.br) e uma das mais interessantes polêmicas da mídia jamais produzidas: o dossiê Veja, que já tem 18 capítulos e lhe rendeu quatro ações judiciais movidas por jornalistas da revista e pela editora Abril.
Nassif foi o convidado de honra dos bancários na noite de 16 de abril, quando o Sindicato completou 85 anos de existência. Ao chegar, pediu desculpas pelo ligeiro atraso. Bem-humorado explicou: “uma parte é o trânsito, uma parte é a Veja, que me dá um trabalho!”
Acompanhe alguns dos principais trechos da palestra concedida pelo jornalista a um auditório lotado, que acompanhou atentamente as quase duas horas do inteligente perfil traçado por Nassif sobre a mídia brasileira.
Nos próximos dias, o site do Sindicato disponibilizará trechos em vídeo do debate.
Nascimento…
Minha história com a Veja começou quando ela teimava em afirmar que eu tinha sido demitido do jornal Folha de S.Paulo. E não adiantava falar que não tinha sido nada disso, é igual conversar com bêbado de madrugada.
…e morte
Minha intenção com a série da Veja é denunciar os abusos cometidos pela revista. Temos uma imensa arma na mão: a resistência que a Veja criou em qualquer segmento inteligente do país. E também a capacidade de comunicação da internet. Veja vai morrer em alguns anos: perdeu a sensibilidade em relação ao leitor.
Ódio
Minha crítica à Veja é jornalística: um bem público, que é a comunicação, mal utilizado, disseminando um ódio que atrasa. Temos, hoje, um projeto de país que é muito mais amplo e que pode ajudar no crescimento.
Mercado
A imprensa faz defesa do mercado contra o Estado, mas é um setor que sobrevive às custas da reserva de mercado.
Fenômeno
O Brasil vive um fenômeno que a imprensa não entendeu: a entrada das classes D e E na economia, como consumidores e eleitores. Não entenderam a nova opinião pública nem o poder da internet. Ainda acreditam que se não virou manchete não aconteceu. Não entenderam o mundo novo que está vindo por aí.
Programas sociais
Ao contrário do que muitos jornais e revistas afirmam, o Bolsa-família acabou com o eleitor de curral, acabou com voto de cabresto. As políticas sociais são legítimas, trazem desenvolvimento, e são irreversíveis. As multinacionais já perceberam isso e fazem planejamento específico para esse público.