O presidente do Santander, Emilio Botin, disse na sexta-feira passada que a economia espanhola e seu sistema financeiro estão enfrentando “sérias dificuldades” no acesso a financiamento externo e considera como fundamental a adoção de medidas de ajuste profundo para reativar a atividade econômica.
“É claro que a economia espanhola passa por sérias dificuldades que se refletem, do ponto de vista financeiro, sobre os problemas de acesso ao financiamento externo, em um aumento dos spreads sobre a dívida e uma queda no mercado acionário”, reconheceu Botin durante assembleia de acionistas.
Ele disse que, no caso da Espanha, esses problemas são agravados pela elevada taxa de desemprego — a maior da Europa, perto de 20% — e pela perda de competitividade da economia.
No entanto, o presidente-executivo do Santander considerou acertadas, embora não suficientes, as recentes medidas tomadas pelo governo espanhol para reduzir o deficit e cumprir os compromissos assumidos com a Europa.
“Eu acho que é essencial agir de modo que a economia possa crescer e, assim, reduzir o desemprego e ajudar a equilibrar as contas públicas”, acrescentou.
Bancos espanhois menores estão perdendo acesso aos mercados de crédito devido às preocupações de que a Espanha possa estar a caminho de uma crise parecida com a grega e temores de que as perdas imobiliárias possam sair de controle.
A bolha imobiliária espanhola deixou os bancos no país com cerca de ? 300 bilhões (US$ 363,30 bilhões) em dívida por incorporadores.
Atualmente, os bancos de poupança estão engajados no processo de reestruturação, após a queda da atividade bancária, a deterioração do patrimônio imobiliário e o aumento da inadimplência.
O Santander disse ainda esperar que seu lucro em 2010 seja similar ao forte desempenho do ano passado, acrescentando que as incertezas do mercado ligadas à economia espanhola estão superadas.
Botin disse que o Santander possui uma boa estrutura de dívida, com uma média de maturidade de 4,5 anos, e acrescentou que o banco levantou ? 18 bilhões de euros (US$ 22 bilhões) através de novas emissões até o momento em 2010, apesar das turbulências do mercado.
“Essa estrutura de fundos nos suporta para o que pode acontecer no futuro e é favoravelmente comparável à média de nossos concorrentes”, finaliza.