Agência Estado
Danielle Chaves
MADRI – O sistema bancário da Espanha precisa de capital adicional entre 30 bilhões e 35 bilhões de euros (US$ 41 bilhões de US$ 48 bilhões) para cobrir o crescente número de empréstimos problemáticos, afirmou a agência de classificação de risco Standard & Poor’s.
Em uma teleconferência realizada hoje, a analista Elena Iparraguirre disse que a S&P tem uma estimativa conservadora de que entre 30% e 35% do fundo de socorro estatal de 99 bilhões de euros seja necessário para dar sustentação aos bancos. Isso representa cerca de 14% do capital total atualmente no sistema bancário espanhol.
Os principais usuários desses recursos seriam os bancos de poupança que não têm capital aberto e não têm flexibilidade para se recapitalizar, segundo Iparraguirre.
O fundo estatal, que ainda não foi usado e é controlado pelo Banco da Espanha, foi criado em junho do ano passado para que os bancos possam pedir recursos quando realizarem fusões, em uma tentativa de reestruturar o setor e criar instituições financeiras maiores e mais fortes, capazes de resistir ao fraco ambiente operacional. Cerca de metade dos 44 bancos de poupança da Espanha estão negociando fusões atualmente.
O maior problema que os fornecedores de crédito da Espanha enfrentam é a exposição aos setores imobiliário e de construção, que, de acordo com o Banco da Espanha, representam cerca de um quarto dos empréstimos dos bancos espanhóis em circulação, ou aproximadamente 445 bilhões de euros. Ontem o diretor para questões regulatórias do Banco da Espanha, José Maria Roldán, afirmou que cerca de 24% desses empréstimos estão inadimplentes ou perto disso.
A S&P concorda com essa visão e disse que os empréstimos problemáticos provavelmente vão crescer para 11% dos empréstimos totais até o fim de 2010. Isso equivale a pouco mais de 200 bilhões de euros em uma carteira de crédito total de 1,837 trilhão de euros.
Ontem a S&P rebaixou sua avaliação de risco do setor bancário (Bicra, na sigla em inglês) da Espanha de Grupo 2 para Grupo 3 citando a alta alavancagem do setor privado do país, a rápida expansão do crédito antes da crise econômica global e a excessiva concentração de risco no segmento de construção e desenvolvimento imobiliário.
O rebaixamento colocou o sistema bancário da Espanha na mesma divisão que o dos EUA, Reino Unido, Áustria, Chile e Portugal.