Paralisação exigiu também melhores condições de saúde e segurança
Os bancários paralisaram, nesta terça-feira, dia 10, as atividades da agência do Itaú que fica na Avenida João Pinheiro, no centro de Belo Horizonte. Houve realização de um ato contra as demissões, a carência de funcionários e a falta de segurança. Bancárias e bancários exigiram respeito do banco para com os funcionários e clientes, além de cobrarem melhores condições de trabalho.
O Itaú propaga, em campanha de mídia, o slogan “Vamos torcer e jogar todos juntos”, mas a realidade vivida no banco é outra. Em carta aberta elaborada pela Contraf-CUT, que foi distribuída aos clientes durante a paralisação, os bancários denunciam que o Itaú está jogando mesmo é contra o emprego, contra a segurança e também contra a população.
Corte de empregos
Apenas em 2013, o Itaú obteve lucro líquido de R$ 15,8 bilhões, o dobro do que o governo brasileiro investiu, desde 2007, para construir e reformar os estádios para a Copa do Mundo. No primeiro trimestre de 2014, o lucro já chegou a R$ 4,5 bilhões, com um crescimento de 29% em relação ao mesmo período do ano passado.
Entretanto, apesar do lucro exorbitante, o Itaú cortou 733 postos de trabalho no primeiro trimestre deste ano, totalizando 2.759 nos últimos 12 meses. Dentre estes cortes, o Itaú tem demitido inclusive pessoas com deficiência, principalmente caixas, após realizar pressão pelo cumprimento de metas.
Falta de segurança
Outro grave problema é a falta de investimentos do Itaú em segurança. O banco tem implementado um novo modelo de “agências de negócios”, onde trabalham bancários, funcionam caixas eletrônicos, mas não existem vigilantes nem portas giratórias.
Os bancários paralisam, há mais de um mês, as atividades da primeira “agência de negócios” que o Itaú tentou implantar na região de Belo Horizonte. Além disso, o caso foi denunciado à Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de Minas Gerais (SRTE-MG), ao Ministério Público do Trabalho (MPT) e à Polícia Federal.
Uma mediação entre o Sindicato dos Bancários de Belo Horizonte e o Itaú foi realizada no dia 4 de junho, na SRTE-MG, mas o banco não apresentou qualquer solução para o problema. O caso foi, então, encaminhado ao MPT.
Horário estendido
Durante a paralisação, o Sindicato protestou contra o funcionamento de unidades de trabalho do Itaú com horários estendidos. Agências como as localizadas em shoppings realizam atendimento entre 12h e 20h, o que faz com que trabalhadores fiquem além desse horário nas unidades de trabalho.
Bancárias e bancários reclamam do excesso de horas extras e da falta de segurança por saírem tarde das agências, o que também prejudica os seus estudos e a convivência familiar.
Representantes do Itaú, que antes afirmavam que os funcionários não eram obrigados a trabalhar nas agências com horários estendidos, hoje pressionam para que os funcionários sejam mantidos nestas unidades de trabalho.
Adoecimento dos trabalhadores
O Sindicato também denunciou que, por causa da pressão e do assédio moral, funcionárias e funcionários do Itaú estão adoecendo cada dia mais. Além disso, o banco sucateou o atual plano de saúde.
Após a fusão com o Unibanco, o Itaú transferiu a gestão do plano de saúde de Belo Horizonte para São Paulo. O resultado foi que o plano entrou em decadência e as reclamações, tanto dos funcionários como dos médicos que prestam atendimento, se multiplicaram sem que o banco tomasse providências para solucionar os problemas.