Seminário internacional: desafios para igualdade e autonomia das mulheres
As bancárias participaram de 28 a 30 de agosto do “Seminário Internacional Feminismo, Economia e Política: desafios e propostas para igualdade e autonomia das mulheres”, promovido pela SOF ( Sempreviva Organização Feminista), em São Paulo. “Foi uma grande oportunidade de formação e reflexão sobre temas altamente pertinentes à vida de mulheres na condição de mãe, profissional e sujeita da sua própria história”, avalia Deise Recoaro, secretária da Mulher da Contraf-CUT.
A tradicional divisão sexual do trabalho impõe condições e papéis diferenciados, que tem levado as mulheres para situação de submissão e completa desvantagem. “Me digam um só lugar no mundo, onde as mulheres ganham mais que homens”, pergunta Helena Hirata da CNRS, da França. Pouco se estranha o fato de as mulheres receberem em média 30% menos do que os homens, em função de trabalho de igual valor.
Houve debates sobre temas como economia feminista e trabalho das mulheres; crítica feminista à sociedade de mercado; avanços e desafios das políticas para as mulheres na América Latina.
Além de Deise, participaram Arivoneide Moraes, diretora do Sindicato dos Bancários de Alagoas, Sandra Trajano, do Sindicato de Pernambuco, Adima Gomes, do Sindicato do ABC, e Lucimar Barbosa e Renata Rodrigues Garcia, ambas do Sindicato do Espírito Santo.
Outra economia
“Outra economia é possível, uma economia voltada para a reciprocidade, solidariedade e complementariedade” foi a abordagem feita por Magdalena Leon, da RENTE do Equador.
“É necessário ampliar a noção de trabalho como forma de se ampliar também a compreensão sobre o que é economia, para além daquilo que é monetarizado, comprado e vendido no mercado. Assim, a perspectiva feminista introduz a experiência concreta das mulheres na teoria econômica, a partir da elaboração de novos modelos de análise que iluminam o terreno da reprodução social e o articulam com a esfera da produção”, avalia Magdalena.
Trabalhos complementares
Antonella Picchio, da Universidade de Modena, na Itália, tratou da necessidade de quebrar a tradicional divisão do trabalho pago e não pago, ou seja, o trabalho tido como produtivo, masculinizado e remunerado, em contraposição ao trabalho reprodutivo, do cuidar, o doméstico, visto como trabalho feminino e não remunerado.
“É preciso tratar dos tipos de trabalho com a noção de complementariedade. Os sindicatos não querem discutir a vulnerabilidade masculina em relação à reprodução da vida”, afirma.
Avaliações
Para Deise, “ao mesmo tempo em que foi um seminário formativo, foi também muito inspirador para pensar as ações junto às trabalhadoras bancárias”.
Arivoneide avalia que “os três dias de debate me fizeram refletir que não basta nós, mulheres, ocuparmos os espaços de poder se não for para transformá-los. Para isso precisamos transformar também a sociedade e que essa transformação tem que iniciar com a conscientização de homens e mulheres de que outra sociedade mais justa e igualitária é possível sim”.
Conforme Sandra, “participar do seminário foi muito instigante, pois saber que as lutas das mulheres não diferem nem mesmo em outros países nos coloca diante de desafios enormes, nos conscientiza que precisamos continuar a fortalecer nossas bandeiras para que o mundo, em breve, seja um mundo melhor, vivenciando a ótica feminista”.
Adma destaca que “o seminário me fez refletir sobre determinadas perspectivas sociais que mesmo como mulher não conseguia enxergar. Para mim foi um aprendizado surpreendente”.
Lucimar conclui que “o seminário ressaltou a importância de darmos a visibilidade de que o nosso trabalho sustenta o mundo em todos os aspectos, inclusive o econômico, e que garante a reprodução social”.