O empresário multimilionário Horacio Cartes, candidato do Partido Colorado, foi eleito neste domingo (21) presidente do Paraguai. Ele assumirá no dia 15 de agosto um mandato de cinco anos. A eleição marca a volta dos colorados ao poder. O partido centenário governou o pais durante 61 anos (35 deles na ditadura), até ser derrotado nas últimas eleições presidenciais pelo ex-bispo Fernando Lugo.
“Hoje tenho certeza que ganhou a República do Paraguai”, disse Cartes no seu discurso de vitória. De acordo com resultados preliminares, divulgados pela Justiça Eleitoral paraguaia, ele conquistou 46% dos votos – nove pontos percentuais acima do segundo colocado, o candidato do Partido Liberal Radical Autêntico (atualmente no governo), Efraín Alegre, que conquistou 37% do eleitorado. “A todos que não nos votaram, prometo fazer todo o esforço para conquistar a sua confiança”, prometeu Cartes.
Os colorados já estavam nas ruas, com bandeiras vermelhas, comemorando a vitória uma hora depois do fechamento das urnas, às 18h (horário de Brasília). As primeiras pesquisas de boca de urna já tinham dado Cartes como vencedor .
Efraín Alegre reconheceu a derrota poucas horas depois do fechamento das urnas. O presidente Federico Franco (do mesmo partido que Alegre) se colocou à disposição de Cartes: o governo dele só termina daqui a três meses. Mas o novo Congresso, que também foi eleito neste domingo, assume 45 dias antes.
Investigado por lavagem de dinheiro e contrabando
Cartes tem um histórico de problemas na Justiça – não só de seu país, mas também do Brasil. O empresário, no entanto, diz que não sofreu nenhuma condenação em última instância.
No início da década de 1980, Cartes foi preso no Paraguai por evasão de divisas. Além disso, tem sido investigado nos últimos anos por lavagem de dinheiro e vínculos com o narcotráfico.
Cartes foi citado em documentos da diplomacia norte-americana como responsável por 80% do dinheiro lavado no Paraguai
No Brasil, o novo mandatário paraguaio é acusado pela empresa Souza Cruz de contrabando de cigarros. No processo, a empresa brasileira diz que parte da produção de Cartes entra no país de forma legal, mas outra parcela não paga impostos. Tal iniciativa, de acordo com a Souza Cruz, configura-se “concorrência desleal”.
Além dos problemas na Justiça, Cartes também foi investigado pelos Estados Unidos, segundo telegramas vazados pelo Wikileaks. Em documento de janeiro de 2010, o empresário é classificado como o mandante de um esquema de lavagem de dinheiro. “É uma organização que acreditamos lavar grandes quantidades de moeda norte-americana, gerada por meios ilegais, principalmente a venda de entorpecentes.”
Três anos antes, em 2007, Cartes é citado de passagem em outro documento, no qual é relacionado com 80% do dinheiro lavado no Paraguai.