Agência Estado
Altamiro Silva Junior
O vice-presidente de Negócios Internacionais, Atacado e Private Banking do BB, Allan Simões Toledo, falou nessa segunda-feira, 25, sobre os planos do Banco do Brasil no exterior.
Segundo o executivo, o BB vai investir US$ 25 milhões para ampliar sua atuação nos Estados Unidos nos próximos três anos. A meta do banco é ter cerca de 20 agências nos EUA, principalmente para atender brasileiros que moram no país, mas também imigrantes de outros países da América Latina. O objetivo é alcançar 400 mil clientes no mercado norte-americano em cinco anos.
Antes de divulgar esses números, o BB já havia anunciado na manhã desta segunda-feira a compra de 100% do capital social do norte-americano EuroBank, pelo valor de US$ 6 milhões.
O banco tem 1,3 mil clientes, com 1,8 mil contas correntes abertas. Com sede na Flórida, possui uma rede de três agências, atendendo clientes americanos, portugueses, hispânicos e um pequeno público de brasileiros.
O EuroBank tinha ativos de US$ 102,1 milhões, uma carteira de crédito de US$ 74,8 milhões, depósitos de US$ 91,4 milhões e patrimônio líquido de US$ 5,5 milhões.
Nas unidades do EuroBank, o BB quer lançar um cartão de crédito, reforçar as linhas de crédito, inclusive imobiliário, e poupança.
Segundo Toledo, a estratégia foi comprar um banco menor, que já opera dentro da comunidade de brasileiros nos EUA, com funcionários que falam espanhol.
Dentro do projeto de internacionalização do BB, o executivo disse que não descarta a aquisição de outros bancos lá. Além disso, o EuroBank já tem todas as licenças para operar, não sendo necessárias novas autorizações.
O BB tem hoje cerca de 15 mil clientes nos EUA. Na estratégia de expansão no mercado norte-americano o banco priorizou alguns locais, como Flórida, Nova York e Boston, tradicionalmente regiões com grande concentração de brasileiros. A estimativa é que até 1,5 milhão de imigrantes do Brasil morem nos EUA.
Até o fim deste semestre, o banco vai inaugurar o que chama de “agência conceito” em Nova York para atender brasileiros. A unidade vai ficar no centro de Manhattan e terá produtos de câmbio, extratos e outros serviços bancários.
Toledo explicou que o BB não precisa fazer concurso público para contratar funcionários para operar no exterior. Como são operações fora do Brasil, pode buscar executivos no setor privado.
Europa
O Banco do Brasil está reestruturando suas operações na Europa. Após avaliar o mercado local, o banco público decidiu centralizar todas suas operações do continente na agência de Viena, na Áustria. Todas as demais unidades serão subordinas à agência austríaca, segundo Toledo.
As agências vão continuar existindo nos países europeus nos quais o BB opera, mas os números e o comando serão consolidados na unidade da Áustria. A agência de Portugal já foi migrada para a base da Áustria. A unidade de Frankfurt é a próxima.
A única unidade que vai continuar existindo de forma independente da agência de Viena é Londres, que responde por operações de maior porte. A unidade, por exemplo, cuidava das operações de Cingapura, local em que o banco está abrindo uma corretora. O banco está presente em sete países europeus.
No mercado europeu, o BB têm três alvos. Atender empresas brasileiras que foram operar lá, atender brasileiros que estão residindo no continente (estimados em 1 milhão de pessoas pelo governo) e, por fim, fazer financiamento de exportação e importação de companhias com o Brasil.
América do Sul
Após a compra de uma instituição financeira nos Estados Unidos, a prioridade do Banco do Brasil agora é comprar um banco na América do Sul. Toledo afirma que o banco público avalia oportunidade de aquisição no Chile, Equador, Colômbia e Peru.
Na Argentina, o Banco do Brasil pode elevar sua participação no banco Patagonia para 75% na próxima semana. O BB deve receber autorização da comissão de valores mobiliários local para fazer uma oferta pública aos investidores minoritários da instituição, segundo Toledo.
O BB entrou com pedido para fazer a oferta aos minoritários logo após receber sinal verde do conselho de defesa da concorrência para adquirir 51% do Banco Patagonia.
Ásia
Segundo o executivo, a estratégia de internacionalização do banco foi desenhada para acompanhar três movimentos: a expansão para outros países de empresas brasileiras, a presença de brasileiros em países estrangeiros e o aumento dos fluxos de comércio do Brasil com o resto do mundo. “A compra do EuroBank foi mais uma passo dentro desta estratégia”, disse o executivo.
Ainda dentro do processo de internacionalização, o BB está abrindo uma corretora em Cingapura, a BB Securities. Toledo conta que a região era coberta por Londres, mas por conta do crescimento de negócios do Brasil na Ásia foi necessário abrir a unidade para fazer operações de mercado de capitais.
Ainda na região, está transformando seu escritório de representação local em agência.
Segundo Toledo, no Japão, o BB tem 125 mil clientes, dos quais 15% não são do Brasil, sendo formado principalmente por hispânicos.
“Eles preferem trabalhar com o Banco do Brasil por conta de questões culturais e da língua”, disse Toledo, que participou nesta tarde de entrevista com a imprensa para comentar os planos de internacionalização da instituição.
Lucro
Com o projeto de internacionalização, o Banco do Brasil quer elevar a participação de suas operações no exterior nos ganhos da instituição.
Atualmente, menos de 1% do lucro do banco vem dos negócios externos, pouco menos de R$ 9 milhões considerando os resultados de 2010.
A meta é levar esse porcentual para 9% nos próximos cinco anos, segundo o vice-presidente de Negócios Internacionais, Atacado e Private Banking do BB, Allan Simões Toledo.
Presente há 70 anos no exterior, o BB possui 47 agencias e postos de atendimento em outros países. Ao todo, o banco opera em 23 países. Segundo Toledo, o banco estuda ampliar sua atuação na Europa, Ásia e África.
As estimativas oficiais é que cerca de 3,7 milhões de brasileiros residam no exterior, o público alvo do BB. Além disso, destaca o executivo, há o crescente processo de internacionalização de grandes empresas do Brasil.