Reformas trabalhista e da Previdência são ‘combinação explosiva’ para o trabalhador

Em entrevista à Rádio Brasil Atual, o professor do Instituto de Economia da Universidade de Campinas (Unicamp), Eduardo Fagnani, avaliou a insistência do governo em aprovar a Reforma da Previdência, cuja votação está agendada para 19 de fevereiro, na Câmara dos Deputados. 

Fagnani foi taxativo ao dizer que a propaganda oficial mente ao dizer que os mais pobres não serão afetados pela Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 287. "É uma estratégia. Como se eles estivessem fazendo uma reforma que atinge apenas os marajás do serviço público. Isso não é verdade", aponta, destacando as dificuldades que o trabalhador terá para conseguir acesso ao benefício. "Para ter aposentadoria integral precisa contribuir durante 44 anos, isso inviabiliza, ninguém mais vai ter aposentadoria integral no Brasil. Isso é superior ao tempo de contribuição que os países desenvolvidos adotam."

Para o economista, a combinação dos efeitos da "reforma" trabalhista, que precariza os empregos e diminui as receitas previdenciárias, com a proposta de mudanças do governo no sistema previdenciário inviabilizam o sistema, aumentando ainda mais a desigualdade no país. "Antes da reforma trabalhista, em média, 50% do trabalho era informal, mas no Maranhão esse índice é de 75%. Essas pessoas em geral não contribuem para a Previdência e não vão conseguir ter os 15 anos (de contribuição mínima). Isso não só prejudica as camadas de menor renda, mas a população que mora nas regiões Norte e Nordeste, o que vai ampliar a desigualdade regional e a desigualdade de renda no país."

 

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