Em relatórios voltados ao mercado e divulgados na grande imprensa, Itaú e Bradesco, as duas maiores instituições privadas do país, expressam seu apoio incondicional às medidas antipopulares anunciadas pelo economista e banqueiro Paulo Guedes, que vai estar à frente do superministério da economia do governo Bolsonaro (PSL).
Especular mais
Na mensagem enviada aos correntistas, o Itaú Unibanco diz que “o momento é de investir em Bolsa e aproveitar para divulgar seus fundos multimercados como meio de aplicação” e recomenda investimentos em ações.
“A afirmação do Itaú deixa claro que o único interesse dos bancos é a especulação financeira, para acumular mais riqueza, reafirmando a lógica rentista da economia brasileira, onde só ganha quem especula, em detrimento de quem produz e quem trabalha. Bolsa de Valores não gera empregos e o dinheiro vai para fora do país e para o bolso dos grandes investidores. A crise afeta as indústrias, comércio e serviços e principalmente, o trabalhador, menos os banqueiros, que a cada ano, aumentam os seus lucros”, disse a presidenta do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro, Adriana Nalesso. No relatório o banco recomenda investimentos em ações, oferecendo seus próprios produtos e defende urgência na Reforma da Previdência. Pela proposta anunciada por Paulo Guedes, o futuro superministro da área econômica do governo eleito, a Previdência será baseada na capitalização privada, um sistema que não deu certo para os trabalhadores no Chile, mas que desperta grande interesse nos bancos privados, de olho no mercado da previdência privada.
Fim da CLT?
Já o Bradesco diz que “nos sentimos revigorados para dar início a um novo ciclo de reformas estruturais no sentido da modernização do Brasil”, em outras palavras, o banco tem pressa em aprovar a Reforma da Previdência e defende a proposta do presidente eleito de pôr fim aos direitos previstos na CLT – Consolidação das Leis do Trabalho. Bolsonaro anunciou na campanha eleitoral o projeto de criar uma nova carteira de trabalho, verde e amarela, sem as conquistas previstas na legislação trabalhista.
“Está claro nos relatórios que os bancos têm lado e certamente os interesses do sistema financeiro não são os da valorização do trabalho, geração de emprego e renda, direito à aposentadoria e da justiça social, mas unicamente o do lucro fácil da ciranda financeira”, conclui Nalesso.