Valor: cliente da Nossa Caixa terá tarifa do BB e crédito rápido

Bianca Ribeiro
Valor Online, de São Paulo

Enquanto não ocorre a incorporação da Nossa Caixa pelo Banco do Brasil (BB), prevista para até o fim do ano, os clientes do banco paulista ganham acesso a algumas vantagens oferecidas pelo BB, como crédito automático e tarifas.

Desde o dia 12 os clientes da Nossa Caixa já podem sacar e ver saldo nos caixas do Banco do Brasil. Dentro de 90 dias, terão também acesso a crédito automático, produto que tem limitações na Nossa Caixa, e a uma variedade maior de cartões de crédito.

Segundo Paulo Bonzanini, novo presidente da Nossa Caixa, que veio do BB, cerca de 90% do crédito tomado hoje no banco paulista é negociado pessoalmente com o gerente. Já no Banco do Brasil, 92% dos financiamentos são concedidos automaticamente nos caixas eletrônicos.

“Há um potencial enorme de crescimento”, disse Bonzanini. Na verdade, o que muda fundamentalmente é a transferência da tecnologia do BB para a estrutura do banco paulista. Com isso, muitos produtos poderão ser oferecidos automaticamente. As operações do BB e da Nossa Caixa em São Paulo somam 7.852 máquinas compartilhadas atualmente.

Também será alterada a partir de segunda-feira o custo dos serviços básicos da Nossa Caixa, que será alinhado com as tarifas do Banco do Brasil, que são mais baixas. Um conjunto de 45 serviços à pessoa física, como tarifas de saques, extratos, cadastramento e recadastramento, por exemplo, ficará mais barato a partir do dia 30 deste mês. “Pretendemos ser bastante competitivos”, diz Bonzanini.

No detalhe, entretanto, as coisas não mudam muito para os clientes da Nossa Caixa, que continuam com a conta corrente inalterada, inclusive após a incorporação. Cheques, cartões, produtos e serviços vigentes permanecem também por enquanto, assim como a marca da Nossa Caixa, que deve ser gradualmente eliminada para dar espaço ao Banco do Brasil, em um prazo ainda indeterminado.

O banco diz que só após a incorporação começará a integração dos dois bancos, mas apenas no primeiro trimestre de 2010 o atendimento deverá ser unificado. Em agosto de 2010, o BB pagará ao governo paulista a última parcela da aquisição da Nossa Caixa.

Bonzanini voltou a reforçar que não prevê demissões ou fechamento de agências com a incorporação. Lembrou que, na assinatura do contrato de aquisição, o Banco do Brasil se comprometeu formalmente a não fazer demissões.

Eventuais sobreposições de agências estão sendo analisados “caso a caso”, mas o executivo afirma que para ampliar a presença em São Paulo é natural que o BB procure manter os recursos físicos e humanos da Nossa Caixa.

Ao contrário do que espera a maior parte dos bancos brasileiros, a Nossa Caixa planeja expandir a carteira de crédito neste ano e, ao mesmo tempo, reduzir a taxa de inadimplência em relação à taxa média apurada no ano passado, de 4,8% considerando atrasos de mais de 60 dias.

Para reduzir os atrasos, o banco, pretende ampliar a carteira de crédito consignado e aumentar os empréstimos a clientes prestadores de serviço e fornecedores do governo do Estado de São Paulo. Em ambos os casos, os riscos são bem menores do que de outras carteiras de crédito.

“Com o foco nessas operações, a tendência é ampliar as carteiras e ao mesmo tempo promover uma redução dessa taxa de inadimplência”, afirma Paulo Bonzanini, novo presidente da Nossa Caixa empossado nesta semana.

Segundo Bonzanini, dentro da estratégia de ampliar financiamentos a pessoas física e jurídica está a intenção de continuar comprando carteiras de crédito no mercado, prática considerada “boa e salutar” pelo executivo.

O novo presidente do banco, que tinha 33 anos de carreira no Banco do Brasil, ficará no comando da Nossa Caixa pelo menos até o final deste ano, quando deverá ser feita a incorporação da instituição pelo Banco do Brasil.

Até lá, a Nossa Caixa deve fechar capital e acertar a posição dos acionistas minoritários.

A solicitação de fechamento de capital para incorporação pelo BB já foi encaminhada à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), semana passada, após o pagamento da primeira das 18 parcelas da aquisição, no valor de R$ 310 milhões.

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