O programa Fantástico, da Rede Globo, fez uma reportagem no domingo, dia 11, sobre os ataques contra clientes de agências por criminosos especializados em uma modalidade de assalto: a “saidinha de banco”. A abordagem acontece em todo o Brasil, nas proximidades das unidades.
O Fantástico fez um levantamento para saber o que está sendo feito para proteger os clientes de bancos. Mais uma vez, o programa não ouviu os bancários.
Clique aqui para acessar o vídeo pelo site do Fantástico.
Confira o texto da reportagem:
O Fantástico alerta: cada vez mais bandidos atacam clientes que vão ao banco sacar dinheiro. Os assaltos ocorrem depois que as pessoas saem da agência.
Nossos repórteres mostram agora imagens exclusivas desse tipo de crime e as medidas adotadas para aumentar a segurança de todos nós.
O ataque acontece perto ou longe da agência – como mostram estas imagens inéditas.
O crime ficou conhecido no Brasil todo como saidinha de banco.
“Me apontaram um revólver e mandou dar o dinheiro e nem olhar pra trás”, diz o eletricista Everaldo Ramos.
“Na porta da fábrica, o rapaz desceu da moto, eles assaltaram”, conta Edilson dos Santos, empresário do Piauí.
Este senhor – de 62 anos – se recupera de um tiro na perna.
Um mês atrás, em Fortaleza, ele fez um saque no banco e foi seguido por um ladrão.
A câmera de um restaurante registrou o ataque.
“Só ouvi a voz do meliante, por trás de mim: passa o dinheiro, vagabundo, senão eu te mato. quando eu me virei, ele atirou”, diz o gerente de transportes, Pedro Cesário.
O criminoso levou R$ 3 mil. Ele ainda não foi preso.
Este ano, no Brasil, pelo menos quatro pessoas foram assassinadas, vítimas desse tipo de crime.
Uma no Paraná e três em São Paulo.
A região de Mogi das Cruzes – a 50 quilômetros da capital paulista – é uma das que mais preocupam a polícia.
O repórter João Gabriel Bressan conta os detalhes.
Sem levantar suspeita, este casal escolhe a vítima, na agência de Suzano.
Eles vêem quando Andréa Alves do Espírito Santo, de 32 anos, faz um saque.
Pelo celular, avisam os comparsas que estão do lado de fora.
Assim que saiu desta agência bancária, com um envelope com R$ 8 mil em dinheiro, Andréa Alves do Espírito Santo começou a ser seguida por dois homens. Ela percebeu que ia ser assaltada e – pra se proteger – atravessou a rua e pediu socorro em uma loja.
A câmera registrou a entrada dos ladrões e o momento em que andréa foi baleada e morta, em julho do ano passado.
Os bandidos fugiram com o dinheiro. A quadrilha foi identificada e presa.
“Eu queria entender o porquê ele fez isso, se já tava com o dinheiro, ela já tava no chão, por que atirar? Tirar a vida dela”, irmão de Andréa, Anselmo Espírito Santo.
Segundo a polícia, a média é um assalto a cada dois dias na região de Mogi das Cruzes.
Veja imagens, também exclusivas, a mulher – que está no carro – tinha acabado de sacar cinco mil reais e voltava para o emprego, numa transportadora.
Ela diz não ter percebido que bandidos a seguiram por mais de dez quilômetros.
“Um rapaz de moto me cercou e o outro veio, me abordou com uma arma na mão. Ele pediu que eu passasse o dinheiro somente segui as orientações que ele passou e deixei levar”, diz a mulher.
Investigações mostram que bandidos têm saído da cidade de São Paulo para praticar assaltos na região.
O Fantástico fez um levantamento para saber o que está sendo feito para proteger os clientes de bancos.
Em Belém, foi aprovada esta semana uma lei que obriga as agências da capital paraense a instalar biombos ou divisórias.
A justificativa é que assim ninguém vê o valor retirado do caixa.
Projetos semelhantes estão em discussão, por exemplo, em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Paraná.
Em São Roque, a 60 quilômetros da cidade de São Paulo, esse tipo de crime é bem raro. Apenas um caso foi registrado esse ano. A explicação, segundo a polícia, é que aqui na cidade, as pessoas são proibidas de usar o telefone celular quando estão dentro das agencias bancárias.
A agência que descumprir a lei pode ser multada em até R$ 5 mil e ter o alvará cassado.
Em Teresina – capital do Piauí – o uso de celular nos bancos é proibido desde novembro .
“Com o celular, a pessoa encosta no cantinho, quando vê, já comunica com outro: fulana, está saindo. É uma boa, uma ótima proibir”, conta Irene Vargas, dona de casa.
Em Suzano – cidade paulista onde uma mulher foi assassinada – falta só a assinatura do prefeito para que os bancos sejam obrigados a instalar câmeras do lado de fora das agências.
A Febraban – Federação Brasileira de Bancos – informou, em nota, que as diversas leis aprovadas ou em tramitação não possuem estudos que comprovem a sua eficácia.
Sobre as divisórias, a Febraban afirma que elas criam pontos cegos e o vigilante não vai perceber quando o caixa for assaltado.
A nota diz ainda que os bancos investem por ano R$ 7,5 bilhões em segurança.
Quem foi vítima de assalto cobra providências.
“Tem que ser feito o mais rápido possível. Para não acontecer que mais uma família passe pelo o que a minha família passou. Esse sofrimento que eu não sei quanto tempo vai durar”, diz Anselmo, irmão de Andréa.