Estadão: Alemanha pode obrigar bancos a aceitar ajuda

Segundo o jornal alemão Süddeutsche Zeitung, governo estuda estatizar parcialmente os bancos

O Estado de São Paulo

O governo alemão está preocupado que a escassez de crédito bancário que vem afligindo a indústria fique ainda pior no fim deste ano, e pretende atacar o problema assumindo, compulsoriamente, uma participação bancos – política similar à adotada pelas autoridades nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha.

O plano do governo é obrigar os bancos a aceitar ajuda estatal, com uma nacionalização parcial das instituições, informou o jornal Süddeutsche Zeitung, com base em fontes que não identificou.

Mas analistas na Chancelaria, no ministério das Finanças e no da Economia concordam que a Alemanha corre risco de um aperto de crédito que pode aprofundar ainda mais a recessão, já considerada a mais severa desde a década de 30, segundo o jornal.

PROBLEMAS DE CRÉDITO

Empresas de pequeno e grande portes dizem que têm tido problemas para conseguir empréstimos em bancos. As instituições de crédito reduziram suas linhas de financiamento porque precisariam fazer provisões de risco para cobrir os ativos tóxicos remanescentes nos seus balancetes.

Com isso, um número crescente de companhias não consegue resgatar suas dívidas por causa da atual crise econômica e porque, de acordo com as novas regras internacionais para balanços, os bancos são obrigados a ter uma reserva maior de capital social para cobrir seus empréstimos.

O governo tem alegado que está na hora de os bancos começarem a emprestar mais aos clientes porque muitos receberam bilhões de euros de ajuda governamental.

O governo não decidiu ainda se vai em frente com com uma nacionalização parcial forçada. Uma fonte de um dos ministérios diz que seria um erro tornar voluntário o sistema de ajuda. Outras pessoas, dentro do governo, não acreditam em medidas forçadas, argumentando que os grandes bancos ingleses e americanos também não aumentaram suas linhas de crédito, apesar de os governos terem assumido uma participação nas entidades.

Até agora, o governo alemão tem participação no Hypo Real Estate e no Commerzbank. Mas, nos próximos meses, outros bancos deverão se servir da ajuda do governo, porque terão de se submeter ao chamado “teste de estresse”, para se qualificarem, ou não, a um programa com base no qual podem desbloquear seus balancetes, depositando os ativos tóxicos em instituições separadas.

Esses testes podem revelar novos problemas nos bancos, e obrigá-los a buscar a ajuda do governo.

ELEIÇÃO

Qualquer lei autorizando o governo a nacionalizar bancos só poderá ser aprovada depois da eleição federal de 27 de setembro, reportou o Süddeutsche Zeitung. O governo também analisa uma outra alternativa – expandir as atividades de empréstimo do banco de desenvolvimento estatal Kreditanstalt für Wiederaufbau (KfW).

No domingo, a chanceler Angela Merkel reiterou sua preocupação com a escassez de empréstimos e sugeriu que vai pressionar mais os bancos para evitar um aperto do crédito. Se os empréstimos não aumentarem, “o governo vai ter uma conversa séria com os bancos”, disse ao canal ARD de televisão.

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