A Contraf-CUT defende a manutenção dos aumentos reais de salários, apesar da expectativa de retração da economia brasileira e da inflação em patamar mais alto. Não há motivos para mudanças, ainda mais diante dos lucros fabulosos dos bancos.
Em reportagem publicada na edição desta quarta-feira (11) do jornal DCI, de São Paulo, o presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro, afirmou que a categoria não vê grandes dificuldades em conquistar reajustes salariais acima da inflação.
“Os lucros dos bancos são muito superiores ao aumento da inflação que tivemos. Em 2014, as instituições financeiras lucraram 25% a mais do que em 2013”, enfatizou Cordeiro, que coordena o Comando Nacional dos Bancários.
“Além disso, a rentabilidade dos bancos no Brasil sobre patrimônio chega ser, muitas vezes, três ou quatro vezes maior do que em países europeus, por exemplo, cuja essa rentabilidade é de 8%. Portanto, se tem um setor da economia que é capaz de promover aumentos reais de salários, neste momento, é o setor financeiro”, ressaltou o dirigente sindical
O secretário de administração da CUT e presidente do Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat), Quintino Severo, também entrevistado pelo DCI, disse ter expectativas positivas com relação aos reajustes de salário neste ano. Ele afirma que os trabalhadores têm conseguido ganhos reais em 98% dos acordos firmados nos últimos anos.
“Mesmo o Brasil passando por um período de baixo de crescimento, nós temos condições de obter conquistas. As empresas acumularam lucros nos últimos anos. A indústria brasileira, por exemplo, utiliza hoje 70% da sua capacidade instalada. Até a década de 2000, esse percentual era de 50%. Portanto, há uma ‘gordura’ acumulada nas companhias em que é possível obter ganhos aos trabalhadores. Com pressão, vamos nos esforçar para que não ocorra nenhum acordo com reajuste abaixo da inflação”, salientou Quintino.
Para o dirigente da CUT, o setor que terá mais dificuldades em 2015 é o da construção civil. “As denúncias da Operação Lava-Lato comprometem os investimentos na área e isso impacta o mercado de trabalho”, apontou.
O coordenador de relações sindicais do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), José Silvestre, avaliou na reportagem que, em razão do aumento da inflação e da expectativa de recessão econômica, “há possibilidades reais de um aumento do desemprego, de queda na formalização e de crescimento da precarização do trabalho”.
“Negociações salariais são sempre difíceis. Mas evidentemente que em cenários adversos, como os que devemos ter em 2015, essas dificuldades se potencializam e acredito que a intransigência patronal será maior”, frisou Silvestre.
Para o coordenador do Dieese, contudo, os trabalhadores devem conseguir aumento real de salário neste ano, mesmo diante dessa conjuntura. “O que pode ocorrer, na verdade, é uma compressão no tamanho dos ganhos reais, ou seja, uma redução da diferença entre a inflação e o ganho que excede a ela”, analisou.