Bancários repudiam a reforma da Previdência, a retirada de direitos e querem garantia de emprego e aumento real

Na manhã deste sábado (30), no início dos trabalhos da 18ª Conferência Nacional dos Bancários 2016, o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) apresentou os resultados da Consulta Nacional 2016, realizada com bancários de todo o país visando buscar maior participação da categoria na construção da pauta de reivindicações. Os bancários apontaram como prioridades para Campanha Nacional 2016 o emprego, saúde e condições de trabalho e segurança bancária. Também se posicionaram sobre temas nacionais, com destaque para a reprovação de 76% para a Reforma da Previdência e de  85% não querem redução de direitos, propostas do governo interino.

De acordo com a técnica da subseção do Dieese da Contraf-CUT, Vivian Rodrigues, foram respondidos 44.626 questionários. Um total de 32 entidades, e seis federações entregaram as consultas.

Segundo o perfil das pessoas que responderam a consulta nacional, 66% são sindicalizados. Responderam ao questionário 48% mulheres e 51% homens. A faixa etária de 64% dos entrevistados está entre 21 e 40 anos.

Em relação ao quesito remuneração direta 47% dos trabalhadores apontaram que o aumento real dever ser a principal reivindicação. Quanto à remuneração indireta, 41% defenderam cesta alimentação maior.

Sobre emprego, os bancários querem mais contratações, igualdade de oportunidade e o fim das terceirizações. As metas abusivas e ao assédio moral foram apontados como dos principais problemas relacionados à saúde dos trabalhadores.

Sobre segurança, os bancários reivindicam adicional de risco de 30% nas agências, postos e tesouraria, além de monitoramento por câmeras em tempo real.

Os bancários também ressaltaram o posicionamento em relação a temas como a reforma da previdência e da CLT. Dos mais de 40 mil trabalhadores que responderam à consulta, 76% são contrários à reforma da Previdência Social e 85% não querem a redução de direitos da CLT, conforme está sendo proposto pelo governo interino de Michel Temer.

Veja aqui a apresentação dos resultados da pesquisa

Conjuntura

O Dieese também repassou aos delegados e delegadas da 18ª Conferência Nacional dos Bancários,  informações e indicadores de conjuntura. "São dados muito preocupantes, porque estamos vivendo um processo de recessão acentuada, com impactos nefastos sobre o emprego e a renda de trabalhadores", avalia a economista do Dieese-subseção da Contraf-CUT, Regina Camargos.

Veja aqui a apresentação sobre conjuntura

Segundo ela, este cenário pode se agravar por contar das medidas restritivas que o governo interino está adotando. Ao invés de resolver, poderá aprofundar a recessão em curso.

A economista apresentou números sobre a evolução do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, que revelam uma queda de -3,80 em 2015 e a projeção de -3,35% em 2016. Para o próximo ano há uma perspectiva de ligeiro crescimento, algo em torno de 1%.

Conforme Regina Camargos, o cenário recessivo impactou na oferta de empregos e também nos reajustes salariais dos trabalhadores.  Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD), referentes ao período de janeiro de 2014 a março de 2016, apontam que a taxa de desemprego passou de 11%, o que implica em quase 13 milhões de pessoas que deixaram os postos de trabalho.

O balanço das negociações salariais de 2015 também não foi positivo. Segundo a economista do Dieese, os ganhos reais que as categorias obtiveram no ano passado foram inexpressivos, "que se assemelham a arredondamentos matemáticos". No primeiro trimestre de 2016, quase a metade não conseguiu sequer repor a inflação.

A economista do Dieese alertou os bancários e bancárias sobre as ameaças do governo interino. Uma delas é a PEC 241-2016 (Novo regime Fiscal), que limita o aumento das despesas primárias da União à inflação do ano anterior e privilegia o pagamento da dívida pública.

Na prática, conforme Regina Camargos, isso implica na desvinculação de uma série de receitas da Educação e Saúde previstas na Constituição. É considerada a maior ameaça ao conjunto da classe trabalhadora e das políticas sociais implementadas nos últimos 13 anos.

Os trabalhadores também devem estar mobilizados para combater a Reforma da Previdência, que prevê entre outras alterações, a idade mínima, equiparação homens/mulheres e a desindexação do salário mínimo; o projeto da terceirização, PLS 30/2015, que está com pedido de urgência para votação no Senado  e o PLP 257, que prevê o refinanciamento das dívidas dos Estados e alterações na Lei de Responsabilidade Fiscal, podendo trazer impactos negativos para o funcionalismo público federal, estadual e municipal. 

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