CUT defende Evo Morales contra tentativa da direita de dividir o país

Em ato de solidariedade ao governo Evo Morales e ao povo boliviano realizado no Sindicato dos Químicos de São Paulo, quinta-feira (31) à noite, o secretário de Relações Internacionais da CUT, João Felício, manifestou o apoio da Central “contra as tentativas da direita, patrocinada pelo Departamento de Estado norte-americano, de desestabilizar e dividir a nação”.

Convocada pelo Partido dos Trabalhadores, a atividade contou com a presença de Osvaldo Peredo, parlamentar do MAS (Movimento Ao Socialismo – partido de Evo) em Santa Cruz; dos senadores Pepe Mujica e Lúcia Topolanski, da Frente Ampla Uruguaia; do senador Eduardo Suplicy; dos secretários de Relações Internacionais do PT, Walter Pomar, e do PcdoB, José Reinaldo de Carvalho; da representante da embaixada venezuelana, Carmem Gonzales, de Júlio Turra, da executiva nacional da CUT, e de dezenas de lideranças sindicais.

João Felício denunciou que “a reação tenta frear o processo de avanços liderado pelo campo democrático-popular, de afirmação da soberania nacional, distribuição de renda e ampliação de direitos”. Na verdade, frisou, “querem impedir que o presidente Evo Morales cumpra o programa para o qual foi eleito”.

Com a aproximação do 10 de agosto, quando será realizado o referendo revogatório e o povo boliviano decidirá sobre a continuidade do mandato do presidente e dos governadores, alertou o dirigente cutista, a campanha de desinformação e manipulação feita pelos meios de comunicação tende a se agravar, criando um caldo de cultura para os golpistas. “Por isso é hora de ampliar nossa mobilização e aprofundar a solidariedade”, ressaltou João Felício, lembrando que a plenária nacional da CUT, na próxima semana, homenageará a luta do povo boliviano e contará com a presença de uma representação governamental do país irmão.

Recebido calorosamente pelo plenário, Osvaldo Peredo falou sobre sua trajetória, intimamente ligada aos seus irmãos Antonio, Inti e Coco. Antonio hoje é senador pelo MAS em La Paz. Inti e Coco, guerrilheiros que lutaram junto ao comandante Che Guevara, tombaram em heróicos combates.

Osvaldo, que também é presidente da Fundação Che Guevara, iniciou sua intervenção citando uma frase do guerrilheiro cubano-argentino sobre a epopéia de lutas com marcada participação indígena, que levaria à libertação da Bolívia do jugo do imperialismo norte-americano. “É uma visão que se reforça com a presença do Che na Bolívia. Seu sangue derramado tem a força de um martelo”, frisou.

O dirigente boliviano destacou o significado que tem para a auto-estima do seu povo e para a integridade da sua nação, o fato de Evo Morales ser o primeiro presidente índio da Bolívia. “Nestes dois anos e meio, Evo tem conduzido o processo revolucionário de forma impecável. Principalmente a partir de 1º de Maio de 2006, quando da nacionalização dos hidrocarbonetos e a retomada dos recursos do gás e do petróleo para o povo boliviano e não mais para as transnacionais, o país vive um momento de desenvolvimento intenso, com distribuição de renda e justiça social”, declarou. Antes, lembrou, os estrangeiros levavam 82% dos recursos do petróleo enquanto que os 18% que ficavam no país ainda eram malversados pelas oligarquias. “Nós mudamos as regras do jogo e por isso estamos vivendo um novo momento, com visíveis melhorias na vida do nosso povo”.

O governo brasileiro teve um papel destacado na garantia desta transição não ter sido traumática, principalmente pelas “duras negociações com a Petrobrás, onde encontramos uma saúda positiva”. “Tudo foi bem graças à ação do presidente Lula que, arriscando uma situação política difícil, atuou com justiça com o nosso povo”, agradeceu Peredo, frisando também a importância da colaboração cubana e venezuelana no enfrentamento aos inúmeros problemas herdados de 500 anos de colonialismo e neocolonialismo. “Com a cooperação cubana, em menos de dois anos, construímos 60 hospitais de qualidade. São dois mil médicos compartilhando conosco. Este ano, graças à cooperação Cuba-Venezuela, nosso país será declarado pela Unesco livre do analfabetismo. Há pouco mais de dois anos, tínhamos 32% de analfabetos, um dos maiores índices da América Latina. Com a ajuda venezuelana, abrimos uma grande perfuração no altiplano, o que contribuirá cada vez mais para a nossa soberania energética e para a integração de nossos países e povos. Vamos avançando”.

Um dos graves empecilhos à integração, alertou Peredo, é a ação da mídia em nossos países, majoritariamente controlada por interesses privados vinculados política e ideologicamente às determinações do imperialismo. O parlamentar boliviano citou a recente explosão do helicóptero onde deveria se encontrar o presidente Evo, como um exemplo de que “o imperialismo não descarta o magnicídio – o assassinato do presidente – para tentar resolver a situação, que é extremamente desfavorável aos seus interesses no país”. O presidente panamenho Omar Torrijos e o presidente equatoriano Jaime Roldós foram assassinados desta forma pela CIA.

“Temos um fato: o presidente Evo Morales encarna um desejo arraigado durante séculos em nosso povo, na longa luta pela libertação. Por isso queremos conclamar aos companheiros que acompanhem de perto o processo boliviano, que é de todos os latino-americanos, para evitar que haja confrontação, pois os fascistas querem a guerra civil. Unidos, venceremos!”, sublinhou Osvaldo Peredo.

Ao encerrar o ato, o secretário de Relações Internacionais do PT, Valter Pomar, enfatizou o compromisso dos partidos de esquerda e dos movimentos sociais brasileiros com a vitória de Evo no próximo dia 10, “frisando ser esta uma solidariedade latino-americana, em favor do governo de unidade e de soberania nacional”.

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