Democracia da mídia e participação social pautam abertura do Fórum21

A discussão sobre democratização das comunicações no Brasil e sobre participação social nas decisões políticas do país, no contexto pós-eleitoral, marcou o início dos debates de instalação oficial do Fórum21: Ideias para o Avanço Social, na tarde de segunda-feira (15), em São Paulo.

As duas mesas iniciais da tarde do seminário foram “Democratizar os meios de Comunicação” e “Participação Social e Democracia”. O secretário de Cultura da prefeitura de São Paulo, Juca Ferreira, chamou a atenção para a importância de se desenvolver, a partir da reeleição de Dilma, uma “reconstrução programática da transformação da sociedade”, por meio do diálogo com movimentos sociais e da juventude.

Para Ferreira, se os setores progressistas não adotarem estratégias e desenvolverem um diálogo permanente com a sociedade, “vai ser muito difícil ganhar (a eleição de 2018), mesmo com Lula como candidato”. Ele cita como exemplo de pendências dos governos petistas os direitos dos povos indígenas, que estariam entre os mais importantes a se pensar na atualidade. “A Funai precisa ser ouvida e visitada”, disse.

Na opinião do secretário, a pequena diferença que separou a reeleita Dilma Rousseff do candidato derrotado do PSDB, Aécio Neves mostra que pesou na decisão do pleito os votos de uma população formada por pessoas críticas, mas que se posicionaram para evitar retrocesso. “Isso mostra que é preciso mobilizar a sociedade”, afirmou. “Fiquei triste ao ver Aécio, em certo momento da campanha, crescer com o discurso de mudança, e nós estávamos no canto do ringue.”

A intenção do Fórum21 é um debate aberto envolvendo dirigentes políticos, intelectuais, líderes de movimentos sociais, acadêmicos, ativistas em comunicação e líderes de entidades da sociedade civil. O jornalista e sociólogo Venício Artur de Lima chamou a atenção para a urgência da democratização das verbas publicitárias do governo federal. Para ele, a “tragédia diária” representada pela manipulação das informações pelos oligopólios da comunicação no Brasil é um dos principais temas a se discutir hoje no Brasil.

Lima criticou o governo por privilegiar com verbas de publicidade setores midiáticos conservadores e golpistas. “Na prática (a continuidade de direcionamento dessas verbas aos veículos tradicionais) provoca a reafirmação dos mesmos oligopólios que controlam a mídia no Brasil”, opinou.

“A mídia atua como partido e de acordo com os interesses dos Estados Unidos”, disse Ermínia Maricato, ex-secretária de Habitação e Desenvolvimento Urbano de São Paulo no governo de Luiza Erundina (1989-1992) e secretária executiva do Ministério das Cidades de 2003 a 2005.

A jornalista Bia Barbosa, do coletivo Intervozes, chamou a atenção para uma coincidência “emblemática”: o fato de a Conferência Nacional de Comunicações (Confecom), encerrada em dezembro de 2009, ter gerado muitas expectativas, mas até o momento sem consequências práticas na democratização da mídia. “Passados cinco anos da Confecom, não temos o que comemorar”, observou.

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