Valor Econômico
Cristiane Perini Lucchesi, de São Paulo
Colaboração de Alda do Amaral Rocha
Empresas e bancos brasileiros esperam a volta das férias no hemisfério norte, em setembro, para lançar eurobônus no mercado internacional em um total que pode superar US$ 2,5 bilhões. Pretendem aproveitar-se da queda no risco-Brasil, de 20% em comparação com os níveis imediatamente inferiores à crise, e dos baixos juros dos títulos do Tesouro americano. Ambas as taxas servem como base para o cálculo do rendimento a ser pago pelas companhias brasileiras. Sobre elas recai o prêmio de risco de crédito da empresa.
Segundo o mercado, estão para lançar eurobônus no exterior o Grupo Votorantim, o Banco do Brasil e o Bradesco. Os dois grandes bancos buscam dívida subordinada, que entra como capital no balanço das instituições financeiras, permitindo uma maior alavancagem. As três transações envolvem valores certamente não inferiores a US$ 500 milhões cada uma. No caso do Banco do Brasil, o total poderia chegar a US$ 1 bilhão, segundo informações do mercado.
Seria a volta dos bancos grandes brasileiros ao mercado de eurobônus sem garantias. No ano passado e no início desse ano, as maiores instituições financeiras vinham lançando apenas papéis lastreados nos fluxos financeiros dos seus clientes no exterior ao país, nas chamadas securitizações de fluxos financeiros.
Segundo o mercado, o BB deve lançar eurobônus perpétuos, na primeira transação deste tipo desde julho de 2007, quando a Lupatech emitiu US$ 75 milhões em reabertura. O próprio BB não lança um eurobônus perpétuo de dívida subordinada desde janeiro de 2006, quando emitiu US$ 500 milhões e pagou juros de 7,95% ao ano aos investidores.
A Companhia Siderúrgica Nacional contratou o Morgan Stanley e o Itaú BBA para liderar sua emissão de US$ 750 milhões pelo prazo de vencimento em dez anos. A Braskem também foi citada pelos bancos como uma das empresas interessadas em emitir bônus no mercado internacional em setembro, mas negou a informação, por meio de sua assessoria de imprensa. Em coletiva, ontem, o frigorífico Bertin também anunciou a intenção de captar recursos em breve e não descartou o mercado externo como uma alternativa viável.