Os uruguaios saíram às ruas para comemorar a vitória da Frente Ampla, logo depois de encerrada a votação no domingo (29) em Montevidéu. A coligação de partidos de esquerda que chegou ao poder em 2005, com Tabaré Vasquez, ganha agora um novo mandato de cinco anos na presidência do país com José Mujica, ou Pepe, como os eleitores o chamam.
Ex-guerrilheiro tupamaro, Mujica passou 14 anos na cadeia como preso político durante a ditadura uruguaia, que durou de 1973 a 1985. Agora, aos 74 anos, vitorioso, fala em conciliação e em governar para todo o país e não para grupos ou partidos.
O vice é Danilo Astori, um economista que perdeu a convenção partidária de dezembro para o próprio Mujica, mas que aceitou compor a chapa. Ambos prometem dar continuidade ao governo de Tabaré, visto pela maioria como o presidente que ampliou o sistema de saúde, reduziu drasticamente o desemprego e aumentou a confiança internacional na economia do país – o que fez crescer os investimentos externos e também os salários, em média 25 por cento maiores do que há cinco anos.
Às 23h, horário de Brasília, com 70% das urnas apuradas, José Mujica tinha 52% dos votos. Seu adversário, Luis Alberto Lacalle, presidente de 1990 a 1995, tinha menos de 42% e já aceitava publicamente a derrota, pedindo aos uruguaios que se unissem e apoiassem o novo governante.
Para o senador Rafael Michelini, filho de Zelmar Michellini, líder político da recém fundada Frente Ampla que foi assassinado nos anos 70, na Argentina, por militares uruguaios, “a vitória de Mujica e Astori é a consolidação de um projeto de desenvolvimento nacional que tem a Frente Ampla no governo como seu principal protagonista, tanto na condução como gestão dos principais objetivos do país. Representa a confirmação da mudança, a continuidade das nossas reformas, a criação de novas transformações. Para a direita é muito mais do que uma derrota eleitoral e eles sabem muito bem disso”.
Pepe Mujica e Danilo Astori tomam posse no início de março.