BBC Brasil
Os bancos não aprenderam as lições da crise econômica, afirmou nesta terça-feira o Instituto de Pesquisa em Políticas Públicas (IPPR, na sigla em inglês), uma think tank britânica. Segundo a organização, a rápida volta da “cultura do bônus” nos grandes bancos e instituições financeiras dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha mostra que a reforma do sistema foi “bastante limitada”.
“Deveria haver um alarme tocando, pois essas instituições já estão dando sinais de uma atitude de ‘volta aos velhos negócios’ e há poucas provas de que os governos estejam tomando medidas para assegurar que a próxima recuperação econômica seja mais equilibrada que a anterior”, disse Tony Dolphin, economista-chefe do IPPR.
O IPPR alerta ainda que a atual crise do sistema bancário pode não ser a última se não forem tomadas medidas urgentes.
Obama e Brown
Os bônus dados a executivos de bancos foram apontados como responsáveis por incentivar operações de risco, em parte, por levar a atitudes que provocaram a crise financeira e a atual recessão.
Em encontro realizado em março passado, em Londres, líderes do G20 concordaram que os bônus deveriam ser oferecidos como prêmio a profissionais que apresentassem resultados de longo-prazo e não em operações de risco.
O comportamento do setor bancário também foi criticado pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e pelo primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, que falaram publicamente na segunda-feira para marcar um ano da queda do banco Lehman Brothers, considerada o estopim da crise.
Em um discurso em Nova York, Obama criticou a “complacência” do setor bancário.
“Infelizmente, existem alguns na indústria financeira que estão fazendo uma leitura equivocada do que está ocorrendo. Em vez de aprender com as lições do Lehman e da crise da qual estamos nos recuperando, eles estão optando por ignorá-la. Ao fazê-lo, eles não apenas correm riscos, mas colocam a nossa nação em risco”, disse o presidente americano.
“Aqueles que estão em Wall Street não podem voltar a correr riscos sem se importar com as consequências e esperar que, da próxima vez, o contribuinte americano estará lá para impedir a queda deles”, acrescentou.
Já Gordon Brown disse que ainda tem “negócios em aberto” com os bancos que serão resolvidos no encontro dos líderes do G20 marcado para a semana que vem em Pittsburgh, nos Estados Unidos.
Mas o Instituto Internacional de Finanças (IIF, na sigla em inglês), que reúne os maiores bancos do mundo, lembrou que as respostas de cada país à crise devem ser melhor coordenadas para que a crise seja contornada.
Em entrevista ao jornal britânico Financial Times, o diretor do IIF, Charles Dallara, pediu que os líderes mundiais usem o encontro do G20 para “resistir à fragmentação do sistema financeiro global”, prometendo evitar iniciativas nacionais em favor de soluções globais.