Trabuco tem de colocar os bancários nos planos do Bradesco

Aumento da oferta de crédito, queda da inadimplência e redução do compulsório, motivos de sobra que elevaram a valorização das ações dos bancos brasileiros no Ibovespa. No acumulado de 2009, o Bradesco ocupa o segundo lugar no ranking dos papéis que mais subiram nos negócios realizados na Bolsa de Valores. Trate-se de expressão de otimismo: o mercado aposta que o lucro dos bancos brasileiros vai crescer ainda mais. Nada mal, principalmente para o banco que já tem o título de o mais rentável das Américas.

O otimismo também é perceptível nas declarações do presidente do banco, Luiz Carlos Trabuco. Ele destaca que o Bradesco que não comprou nenhum grande banco, ao contrário de Itaú e Banco do Brasil em processos de fusão, sozinho conta com R$ 482 bilhões em ativos, valores próximos de seus concorrentes que somaram mais um banco cada.

Orgulhoso pelos resultados do Bradesco, destaca em recente entrevista ao jornal Valor, a força da instituição em abrir 6 mil novas contas correntes ao dia entre a população não-bancariazada e registrar a impressionante marca de cinco milhões de contratos de empréstimo com valor inferior a R$ 500.

O único detalhe é que Trabuco ignora solenemente os verdadeiros heróis responsáveis pelo feito. Alias, em pouquíssimos momentos da longa entrevista cita os bancários. Em uma delas, faz referência indireta ao lembrar os tempos difíceis no início da carreira no Bradesco. “Fiquei dois anos sem receber aumento (de salário) e gastei todas as minhas economias”, declarou.

“Esperamos que ele se lembre bem desta experiência na hora de definir o aumento real e participação nos lucros e resultados dos bancários e que coloque todo seu otimismo e o do mercado nesta campanha salarial”, diz Juvandia Moreira Leite, secretária-geral do Sindicato dos Bancários de São Paulo.

Os planos de rever para cima a expansão de 8% a 12% na carteira de crédito para este ano, assim como de manter estratégia de crescer com incorporações, depois das aquisições dos dois bancos (IBI e BMC) e de uma corretora (Agora), têm de prever a valorização de cada um dos 69 mil bancários do Bradesco para que de fato eles também possam ter a certeza de como prevê Trabuco, serem vencedores nos próximos 20 anos.

O Sindicato vem cobrando transparência nos balanços e mudanças nas regras da PLR, para torná-la mais justa. A greve dos bancários tem de crescer a cada dia, para que essa situação seja mudada.

De acordo com os representantes da Fenaban, a decisão está nas mãos dos presidentes dos bancos. Luiz Carlos Trabuco está, ou deveria estar, analisando as simulações de PLR que os sindicatos apresentaram com o objetivo de elevar um pouco mais e dividir de forma mais justa o montante a ser distribuído aos trabalhadores.

Os sindicatos têm o maior interesse em encerrar a greve, mas isso só vai acontecer quando terminar a economia que os banqueiros querem fazer com os bancários. A responsabilidade está nas mãos dos donos dos bancos. Aos bancários cabe a indignação. Quanto maior a greve, maiores serão as conquistas dos trabalhadores.

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