Rede de Comunicação dos Bancários
Marisane Pereira/Feeb-RS
A circulação do dinheiro está gerando muitas mortes. Bancários, clientes e vigilantes são vítimas constantes dos ataques a agências e postos bancários em todo o País. Embora o problema seja abrangente, os bancos manifestam todo o seu descaso quanto à preservação da vida daqueles que geram seus lucros exorbitantes.
Enquanto o movimento sindical bancário tenta implementar uma série de ações conjuntas buscando o diálogo com órgãos como a Polícia Federal para melhorar as condições de segurança, os bancos fogem do debate e ainda tentam boicotar a Comissão Paritária de Segurança Bancária, regulamentada pela Convenção Coletiva dos Bancários.
Na abertura do Encontro sobre Segurança Bancária nesta sexta-feira, que ocorre dentro da programação da 10ª Conferência Nacional dos Bancários, o secretário geral da Contraf/CUT, Carlos Cordeiro, destacou a dificuldade de negociação com a Fenaban com relação à segurança. “Queremos garantir a segurança nos locais de trabalho e a segurança pública também. A negociação deste tema com os bancos é muito difícil, mas nosso papel é este, negociar até a exaustão”.
O sindicalista informou que os dados da pesquisa sobre segurança nos bancos, feita pela Contraf/CUT, federações e sindicatos em 2007, não podem ser divulgados porque a Fenaban obteve uma liminar na Justiça. Além disso, os bancos já anunciaram a intenção de excluir da Convenção Coletiva de Trabalho a cláusula que regulamenta a Comissão Paritária de Segurança Bancária, fórum que visa ampliar o debate sobre segurança e busca soluções para o problema.
O doutorando da Unicamp, Cléber da Silva Lopes, que realiza atualmente um estudo específico sobre o tema, repudia a atitude da Fenaban. “Informação é indispensável para discutir qualquer tipo de política pública. Precisamos ter dados para fazer este debate com mais qualidade”, afirma.
Estatística
A Contraf/CUT irá disponibilizar em seu novo portal, que está na WEB desde ontem (24), um contador de assaltos, que vai facilitar o registro de ocorrências em todo o País. Através deste sistema, os sindicatos poderão informar detalhes sobre os ataques a bancos, contribuindo para a elaboração de um banco de dados sobre assaltos, roubos de malotes, seqüestros, arrombamentos e outros tipos crimes.
PF quer intensificar a troca de informações
O delegado da Polícia Federal, Adelar Anderle, observa que existe uma preocupação em facilitar o acesso da população ao dinheiro que contrasta com a falta de estrutura de segurança.
Em recente visita à França, ele obteve dados que revelam a drástica redução dos ataques a bancos naquele país devido a um conjunto de medidas adotadas desde 2002. “Em 2007 só houve 30 roubos a banco e carro-forte na França. Eles utilizam recursos como a blindagem transparente nos caixas de atendimento, que protegem a vida do trabalhador. A realidade brasileira é outra, mas vamos adaptar aqui o que for possível”.
Anderle salientou que é preciso criar uma nova legislação mais eficaz a partir de três princípios: segurança da população, segurança dos bancários e segurança dos vigilantes. Ele reconhece que há dificuldade quanto à criação de um projeto de lei que contemple estas três perspectivas porque há muitos interesses em jogo.