“Os bancos, em vez de cumprirem seu papel de fornecedores de crédito aos setores produtivos, estão retendo recursos para comprar títulos públicos e assim ganhar mais dinheiro.” A crítica foi feita pelo presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Sérgio Nobre, em visita que fez à Contraf/CUT nesta segunda-feira 3, como parte das articulações para a organização do ato coordenado pela CUT desta terça-feira em frente à sede do Banco Real, na avenida Paulista, em defesa do emprego e contra a retenção do crédito por parte dos bancos.
Sérgio Nobre diz que o setor automobilístico, por exemplo, que passa por um bom momento, pode sofrer os impactos negativos dessa postura dos bancos. “O momento positivo do setor se reflete na recuperação do poder de compra dos salários dos metalúrgicos, que há cinco anos seguidos conquistam aumento real, e no aumento das vendas de automóveis por causa principalmente do crédito de longo prazo, que permitiu que a prestação do carro zero coubesse no bolso dos trabalhadores”, afirma o presidente do Sindicato do ABC.
‘Bancos não estão cumprindo seu papel’
Os problemas começam a aparecer, na opinião dele, porque os bancos estão cortando os financiamentos de longo prazo e dificultando ao máximo a concessão de crédito até para empréstimos de curto prazo. “Se essa situação prevalecer, o setor automobilístico enfrentará dificuldades”, adverte. “Por isso estamos fazendo esse ato de amanhã, que no fundo é em defesa do emprego.”
Segundo Sérgio Nobre, o governo está tomando medidas para minimizar os efeitos da crise financeira internacional, entre elas a liberação dos depósitos compulsórios para que os bancos tenham mais liquidez e continuem fornecendo crédito. “Os bancos é que não estão cumprindo a sua parte. Pegam esses recursos do compulsório e, em vez de emprestarem, estão se negando a oferecer crédito e compram títulos públicos para ganhar mais dinheiro fácil, às custas de desemprego, porque se não houver investimentos a indústria deixará de produzir. Por isso é importante que a sociedade brasileira se mobilize e faça pressão sobre os bancos, para que o crédito não se restrinja e a economia continue crescendo e gerando empregos.”