Sipat paralela movimenta bancários na Cidade de Deus do Bradesco

Banco quer acabar com Semana Interna de Prevenção a Acidentes do Trabalho

Barracas com profissionais como psicólogos e advogados foram espalhadas no entorno da Cidade de Deus, em Osasco, para fazer frente à iniciativa do Bradesco de colocar fim à Semana Interna de Prevenção a Acidentes do Trabalho (Sipat). Era a Sipat Paralela, organizada pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, na quinta-feira 2. Se o banco não faz, o Sindicato faz… eram os dizeres nas camisetas dos participantes.

O Bradesco quer transformar a Sipat realizada anualmente com palestras e debates, em vídeos para os funcionários assistirem. A ideia do Sindicato foi fazer um evento paralelo para mostrar que os trabalhadores não concordam com a Sipat virtual que o banco quer implantar.

Segundo Marcelo Peixoto, coordenador do coletivo dos dirigentes sindicais do Bradesco, é um absurdo que a semana de prevenção a acidentes seja transformada em vídeos para serem vistos no computador. “Reivindicamos que a Sipat volte a ser presencial e que os cipeiros participem de sua elaboração”, afirma.

Outra Sipat é possível

Na Sipat Paralela, os bancários tiveram a oportunidade de ouvir e tirar dúvidas com profissionais qualificados. Houve distribuição do livro Saúde dos Bancários, organizado por Laerte Idal Sznelwar, e apresentação de vídeos que tratam dos reais problemas de saúde enfrentados pela categoria.

“É ridículo o banco querer acabar com a Sipat. Estão soltando uns vídeos que a gente poderia achar na internet, se quisesse”, disse um funcionário. Outra bancária concorda: “Fica muito impessoal”.

Segundo Juliana Cuozzo, psicóloga do trabalho, o banco aborda assuntos, como prevenção de DST e obesidade, que não são exatamente as principais enfermidades da categoria. “Os maiores problemas são doenças mentais como depressão e síndrome do pânico, causadas pela pressão por metas e humilhações, e stress pós-traumático, advindas de ocorrências violentas, como assaltos e sequestros.” Para ela, mesmo que o banco toque no tema “assédio moral”, não será de modo a gerar mudança. “Quanto mais virtual, mais distante das reais necessidades do trabalhador.”

A Equipe Superação Esportiva, grupo que pratica corrida e se reúne três vezes por semana para realizar interação social e atividade física, também estava no ato para convidar os bancários a pensar na saúde e na qualidade de vida.

A Cipa tem de participar

De acordo com a Norma Reguladora nº 5 (NR 5), uma das atribuições da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa) é promover a Sipat, anualmente, em conjunto com o SESMT, Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho, um grupo técnico designado para isso.

O advogado Antônio Rebouças deixa claro que está escrito na norma: “A Cipa tem de participar da Sipat. “Promover com” significa realizar. Não é “assistir””, diz. Marta Soares, secretária da Saúde do Sindicato, explica que a Sipat serve para que se debata saúde, condições de trabalho e prevenção. Segundo a dirigente, o número de trabalhadores afastados é alarmante. “Se tivéssemos políticas afirmativas dentro dos locais de trabalho, o número não seria tão exorbitante.”

Cipa

Em 10 e 11 de dezembro, os trabalhadores elegerão parte dos novos integrantes da Comissão Interna de Prevenção a Acidentes. O Sindicato apoia José Eduardo Batista (nº 7) e Ulisses Sartori (nº 12), por uma representação atuante na Cipa e por melhores condições de trabalho. Os funcionários podem votar em apenas um candidato. Ambos são favoráveis que a Sipat seja presencial.

“Aqui, o contato humano foi valorizado” é o balanço da diretora executiva do Sindicato Neiva Maria. Para ela, a atividade mostrou que outra Sipat é possível e necessária: “fazer presencialmente e em conjunto é melhor para todos”, disse.

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