Sindicato do Pará promove seminário sobre assédio moral nos bancos

De uma dor de cabeça à tentativa de suicídio. É assim que pode começar e também terminar a prática do assédio moral na vida de um bancário. O assédio moral não é um fenômeno novo. Novo é a intensidade, gravidade, amplitude e banalização de sua prática no ambiente de trabalho e que a cada mês faz cerca de 1.200 novas vítimas no setor bancário em todo o Brasil; mas para combatê-lo é preciso antes saber o que é o assédio moral, suas características, sintomas e formas de tratamento. Foi com esse objetivo que o Sindicato dos Bancários do Pará e Amapá (Seeb PA/AP) realizou na última sexta-feira, dia 10, o seminário ‘Conhecendo seus direitos’ para os bancários e bancárias do oeste do Pará.

Priscila Fogaça, assessora jurídica da entidade foi a palestrante sobre o assunto. Para ela, o combate à prática é possível, mas para isso é necessário que o colega de trabalho se coloque à disposição da vítima, ajudando-o a encarar e assumir que está sendo assediado no próprio local de trabalho.

“É difícil comprovar a prática do assédio moral, pois a maior prova que ele existe é a testemunhal, e é nessas horas que ninguém quer depor. O medo de ser a próxima vítima e a crença de não fazer parte do assédio são os principais motivos”, relata a advogada que semanalmente atende bancários vítimas da prática no Pará e Amapá.

“O bancário e bancária que for vítima precisa ter coragem de denunciar o abuso ao Sindicato. É para isso que ele existe; para defender e garantir os direitos dos trabalhadores, bem como a sua saúde. Portanto ligue, denuncie, seja você a vítima ou não, a sua identidade será preservada”, orienta Priscila.

Mas esse não é o único problema enfrentado pela categoria. A rotina de trabalho do bancário é marcada diariamente pela insegurança na saída de casa ao trabalho, até o caminho de volta.

Dezesseis assaltos a bancos foram registrados só este ano em todo o Estado, segundo levantamento do Sindicato; 15 no interior; um deles em Santarém no dia 03 de agosto no Banco do Estado do Pará (Banpará), quando o gerente e sua família foram feitos reféns e cerca de R$ 1 milhão em dinheiro foi levado pelos bandidos. No último dia 20, um dos envolvidos naquele assalto foi preso em Rondon do Pará, nordeste do Estado.

Depois de um assalto o dia a dia em uma agência não é mais o mesmo, o medo de um novo ataque permanece e os bancos ignoram a situação como se nada tivesse acontecido e continuam a não investir em segurança; mas reuniões do Sindicato com a Secretaria de Estado de Segurança Pública vêm buscando alternativas para coibir os assaltos em especial no interior onde a incidência é maior, apresentadas à categoria durante o seminário.

“Foram duas reuniões em apenas um mês e alguns resultados já começaram a aparecer como o início da operação ‘Sul e Sudeste’ da Polícia Civil que enviou reforço policial para os municípios dessas regiões que registraram até agora a maioria dos assaltos”, afirma o diretor jurídico, Sandro Mattos.

Campanha Nacional 2010 – O terceiro item do seminário foi para informar os bancários e bancárias do oeste do Estado sobre o andamento das negociações com a Fenaban que acontecem desde o dia primeiro desse mês em São Paulo. Até agora três rodadas de negociação já ocorreram sobre Saúde do Trabalhador, Segurança Bancária e Emprego, com poucos avanços.

As principais reivindicações desses itens foram todas negadas e um Dia Nacional de Luta foi realizado ontem, dia 14, véspera da quarta rodada de negociação que será sobre Remuneração. “Os bancos permanecem intransigentes, e para pressionar os banqueiros a atender nossas reivindicações é necessário fortalecemos a mobilização entre os bancários e bancárias de todo o país; pois só assim os bancos sentirão o tamanho, a força e a representatividade de nossa categoria”, afirma a presidente do Sindicato e membro do Comando Nacional, Rosalina Amorim.

Ela também apresentou aos bancários os primeiros resultados da negociação específica do Banpará que garantiu transparência no acompanhamento da aplicação do saldo remanescente pelo fim do Plano PAS/CAFBEP, para fins de assistência social e de saúde dos funcionários do Banco.

Já as duas mesas de negociação com o Banco da Amazônia em nada avançaram. A empresa alega que precisa de mais dias para analisar a pauta de reivindicações e ficou marcada para o próximo dia 17 uma nova reunião.

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