A inclusão da população com deficiência é buscada pelo movimento sindical. Por isso, nesta segunda-feira, 21 de setembro, no Dia de Luta pela Igualdade de Oportunidades aos (às) e Trabalhadores (as) com deficiência, o Sindicato dos Bancários de Brasília promoveu um ato em protesto, na Praça do Cebolão, no SBS, contra a discriminação no ambiente de trabalho, principalmente nos bancos.
Em todo o Brasil foram realizadas atividades para suscitar o debate da questão. No DF, o evento foi organizado pela Comissão de Gênero, Raça e Orientação Sexual (CGROS) do Sindicato. “Queremos que efetivamente a lei de inclusão seja cumprida e se promova o fim da discriminação em diversos níveis. Não só para os bancários, mas para a população que sofre com a exclusão e a falta de acessibilidades nas ruas, com transporte público e no trabalho”, ressalta Rosane Alaby, coordenadora da CGROS e diretora do Sindicato.
A lei nº 8.213 de 1991 garante o percentual de vagas para deficientes em empresas a partir de 100 funcionários, mas na prática a lei não é cumprida. A situação nos bancos é assim: pouca acessibilidade para os empregados, falta de condições de trabalho após a contratação, dificuldade de ascensão profissional, entre outras questões. “Os bancos começaram a preparar o acesso para os clientes e esquecem da acessibilidade para os próprios funcionários nas dependências internas. Eu consegui entrar no banco por meio de concurso, mas, depois de nomeado, demorei alguns meses para poder começar a trabalhar por causa da estrutura física e toda promoção que consegui foi com muita insistência”, relata Oldemar Barbosa, bancário cadeirante do Banco do Brasil.
Os lesionados, sem saber, são colocados pelas empresas para preencher as vagas dos deficientes. O Sindicato defende que a postura é ilegal, já que eles devem ser readaptados, mas não entrar na cota de deficientes garantida por lei.
Os bancos privados e públicos divulgam para a sociedade o discurso de responsabilidade social, mas os deficientes reclamam da falta de oportunidades de emprego. Nos bancos privados situação ainda é mais difícil, já que a contratação não ocorre por meio do concurso público e muitos deficientes sequer podem concorrer às vagas do banco ou de crescimento profissional. “No Brasil são 25 milhões de deficientes, mas só 14 milhões estão no mercado de trabalho”, afirma Rosane Alaby. “Para o banco posar de responsável, tem que oferecer condições de trabalho reais”, completa Wadson Boaventura, membro da CGROS e diretor do Sindicato.
Ação afirmativa
O Sindicato fará um levantamento do número de deficientes que trabalham nos bancos públicos e privados. A estatística pretende separar também os trabalhadores de acordo com a função e cargo exercidos. “Com os dados, queremos promover um encontro com os deficientes para apresentar soluções e cobrar mais ações dos banqueiros”, diz Cida Aparecida, integrante da CGROS e diretor do Sindicato.
Encontro da CUT
Termina nesta terça (22) o II Encontro Nacional de Trabalhadores com Deficiência, em São Bernardo do Campo (SP), promovido pela CUT. O diretor do Sindicato, Márcio Teixeira, foi representar o DF no evento. O objetivo do encontro de dois dias é discutir questões e buscar ações concretas para melhorar o acesso e as condições de trabalho para os deficientes. Também sairão resoluções para orientar o trabalho das CUTs estaduais e seus filiados. “No encontro serão decididas ações para cobrar o cumprimento da lei de cotas pelos patrões”, fala Márcio.